São Paulo, sábado, 6 de agosto de 1994 |
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A CRONOLOGIA DO CASO Dezembro de 1988 O governador paulista Orestes Quércia firma Protocolo de Cooperação Técnica, Científica e Tecnológica com o então cônsul de Israel em São Paulo, Tzvi Chazan. São firmados contratos para importação de equipamentos israelenses para universidades paulistas e para a polícia, todos com intermediação da Trace Trading Company, de Arie Halpern, e sem licitação. Os contratos chegam a US$ 310 milhões. Novembro de 1989 A Polícia Militar firma contrato com a subsidiária israelense da multinacional Motorola para a compra de novo sistema de radiocomunicação. Os gastos, sem licitação, são de US$ 30 milhões. O tenente-coronel Fernando Balestrero, responsável pelo setor de telecomunicações da PM, é afastado do cargo por se recusar a assinar o contrato. O comandante da PM, coronel Wilson Corrêa Leite, também é afastado. Novembro e dezembro de 1990 O processo de importações de Israel para a USP e Unicamp é aberto em 30 de novembro. Tramita em apenas cinco dias. O contrato com a Trace é firmado em 4 de dezembro, um dia antes de o consultor jurídico da Secretaria de Ciência e Tecnologia, Carlos Alberto Americano, dar parecer contrário às importações. Junho de 1991 A Folha revela que o contrato para compra de equipamentos para as universidades foi feito sem licitação, com preços supostamente superfaturados e contrariava parecer da Secretaria de Ciência e Tecnologia. Severo Gomes, secretário estadual de Ciência e Tecnologia do governo Fleury, deixa o cargo e afirma ter havido fraude na operação, feita quando seu antecessor Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo ocupava a secretaria. Julho de 1991 O MPF (Ministério Público Federal), com base nas reportagens da Folha, requisita abertura de inquérito para apurar a suspeita de superfaturamento. Fevereiro de 1992A Folha revela que o procurador Mario Bonsaglia, um dos responsáveis pelo caso, é ameaçado de morte e tem seu telefone grampeado. O delegado Antônio Decaro Jr., da PF, conclui investigação sem indiciar ninguém. Seu relatório diz ser impossível comparar equipamentos importados e nacionais, contrariamente ao laudo da perícia, que apontou similares nacionais mais baratos. Março de 92 A Polícia Federal emite novo laudo pericial confirmando suspeita de superfaturamento. Junho de 1992 O MPF requisita abertura de inquérito para investigar a importação feita pela Secretaria de Segurança para as polícias Civil e Militar. Outubro de 1992 O juiz federal da 4ª Vara Criminal, João Carlos da Rocha Mattos, sem ouvir o MPF, remete os autos ao Tribunal de Justiça de São Paulo, excluindo Quércia e Fleury –secretário de Segurança à época das importações. O MPF argúi a suspeição do juiz. Novembro de 1992 O ministro Costa Leite, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), concede liminar a favor do MPF e solicita a remessa dos autos ao STJ. Dezembro de 1992 A Subprocuradoria Geral da República requer retomada das investigações para ouvir Quércia e Fleury e reinquirir Halpern, já indiciado. Janeiro de 1993 O juiz João Carlos da Rocha Mattos é afastado da 4ª Vara Criminal. Abril de 1993 O juiz substituto da 4ª Vara, Cassem Mazloum, decreta no dia 30 a prisão preventiva de Arie Halpern, que estava em Israel. Após 12 dias, o empresário obtém liminar e deixa a prisão. Julho de 1993 Por determinação do STJ, a Polícia Federal inicia nova perícia nos equipamentos e começa a tomar 24 novos depoimentos. Novembro de 1993 O STJ decide que Halpern e Decaro, indiciados pelo MPF sob a acusação de fraude processual, devem ser julgados pela Justiça Federal em São Paulo. Perícia feita pela PF, com três cientistas, aponta sobrepreço de 343% em importações de Israel para a Unesp (Universidade Estadual Paulista) Janeiro de 1994 Os deputados petistas Luiz Gushiken (federal) e Luiz Azevedo (estadual) pedem que o Ministério Público estadual reabra processo sobre as importações. Fevereiro de 1994 O procurador-geral de Justiça de São Paulo, José Emmanuel Burle Filho, abre inquérito civil para apurar o possível superfaturamento nas importações para a Unesp. Fevereiro e março de 1994 Fleury e Quércia são ouvidos pelo STJ entre o fim de fevereiro e o início de março. Ambos negam responsabilidade pelas importações. Maio de 1994 O subprocurador-geral da República, Paulo Sollberger, oferece denúncia contra Quércia junto ao STJ. Além dele, são denunciados os ex-secretários Belluzzo e José Machado de Campos Filho (Fazenda), Arie Halpern e mais quatro diretores da Trace. Junho de 1994 Quércia entrega sua defesa ao STJ. Alega que não sabia o que estava sendo comprado e o quanto foi pago nas importações de Israel. Atribui a responsabilidade pelas importações a escalões inferiores do governo. Agosto de 1994 O STJ marca para o dia 5 sessão da Corte Especial para decidir se aceita ou não a denúncia contra Quércia e os outros sete implicados. Texto Anterior: Processo era perseguição, diz Quércia Próximo Texto: Relator não vê 'indícios de envolvimento' Índice |
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