São Paulo, sábado, 6 de agosto de 1994
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Hospitais pedem punição para prefeitos

DA AGÊNCIA FOLHA

A Federação Brasileira de Hospitais divulgou ontem, em João Pessoa (PB), nota recomendando que os hospitais privados de todo o país fiquem em "estado de alerta" e reduzam gradativamente o atendimento aos beneficiários do SUS (Sistema Único de Saúde).
"Vamos culpar o governo pelo não-atendimento", afirmou o subsecretário executivo da Federação, Danilo Maciel. Segundo ele, o próprio governo não utiliza bem os recursos para a saúde e acusa os donos de hospitais de fraude.
Segundo ele, o governo deveria punir os prefeitos que desviam recursos do SUS encaminhados para a rede hospitalar pública e enviam os doentes para os hospitais privados das grandes cidades.
Anteontem, a federação e 27 presidentes de associações de hospitais tinham decidido suspender o atendimento a partir de ontem. Seriam atendidos apenas os casos graves e com risco de vida.
Pela nota, a suspensão no atendimento será por 72 horas, a partir de 0h da próxima quinta-feira, caso o governo não apresente uma solução para a crise numa reunião que será realizada na quarta-feira, em Brasília, com os ministros Rubens Ricupero, da Fazenda, e Henrique Santillo, da Saúde.
Segundo a nota, se nada ficar definido, fica a cargo da Federação dos Hospitais, da Confederação Nacional de Saúde e da Confederação Nacional das Misericórdias a definição de datas para a suspensão por tempo indeterminado.
A nota será enviada ao presidente Itamar Franco na segunda-feira, a quem sugere que "as autoridades do governo federal assumam a responsabilidade de definir quem deve ou não ser atendido e os ônus e consequências de tal decisão".
No Rio Grande do Sul, a redução de atendimento atinge 30% dos hospitais conveniados ao SUS, segundo Cláudio Allgayer, presidente da Associação de Hospitais do Estado.
Na Bahia, cerca de 20% dos hospitais conveniados ao SUS estão com o atendimento reduzido.
A informação é do presidente do Sindicato dos Hospitais da Bahia, Eunivaldo Diniz. Ele diz que a redução começou há uma semana e atinge apenas os casos não graves.
A Associação dos Hospitais de Santa Catarina não tinha até ontem nenhuma definição de como será feita a redução no número de atendimentos pelo SUS no Estado.

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