São Paulo, domingo, 7 de agosto de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Lobby empresarial tenta criar bancada

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

Lobbies de vários setores empresariais estão organizados para tentar influenciar a formação do próximo Congresso.
Depois do escândalo PC, a questão é tratada sempre com muito cuidado. Admite-se a tentativa de formar uma bancada, mas ninguém quer falar em financiamento.
A bancada da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) no próximo Congresso será formada por políticos da coligação PSDB-PFL-PTB.
A Fiesp, oficialmente ao menos, não apóia direta ou financeiramente a campanha de candidatos às eleições gerais desse ano.
O perfil do "deputado da Fiesp", no entanto, é, sem dúvida, tucano.
Afirmando que a Fiesp não tem candidatos próprios, seu presidente, Carlos Eduardo Moreira Ferreira, diz que os empresários escolherão entre aqueles que defendem a economia de mercado e a livre iniciativa.
"Gostaríamos de ver eleita uma maioria de parlamentares comprometidos com o avanço do país, através da revisão constitucional, das reformas tributária, partidária e do Estado, da instituição do voto distrital e, sobretudo, comprometidos com o trabalho e não com a ausência no plenário".
Moreira Ferreira afirma que a Fiesp, como entidade, "definitivamente não vai fazer nada" em termos de auxílio e financiamento às campanhas para as eleições gerais.
Para dar aos seus associados uma visão dos cenários políticos possíveis depois das eleições, a Fiesp promoveu debates entre os empresários e os candidatos à Presidência, governo de São Paulo e ao Senado.
"Acredito que esse é o papel da Fiesp, cabendo, depois, aos empresários, escolher, eles próprios, quem apoiar", diz Moreira Ferreira.
A Fiesp já enviou a todos os seus associados o "kit eleições 94", um conjunto de informações para ensinar os empresários como contribuir para candidatos e partidos de acordo com a Lei Eleitoral (Lei 8.713).
Moreira Ferreira diz que é favorável à legalização do lobby de entidades no Congresso, lembrando que a atividade é considerada legal nos Estados Unidos.
Moreira Ferreira diz que o melhor mesmo é "o lobby do corpo-a-corpo dos empresários com os congressistas em suas bases eleitorais".
"Creio que o olho no olho, o corpo-a-corpo, jamais será substituído pelo trabalho de lobistas profissionais pagos, mesmo porque é importante que o empresariado industrial conheça o Congresso e vice-versa", afirma.
Moreira Ferreira diz que a Fiesp continuará a fazer lobby para a realização da revisão constitucional no início da nova legislatura.
Segundo ele, a pressão mais forte virá do movimento conhecido por "Ação Empresarial Integrada", coordenado pelo empresário Jorge Gerdau Johannpeter, do grupo siderúrgico Gerdau, do Rio Grande do Sul.
"Vamos, as 80 entidades empresariais que estão no movimento, nos engajar em um corpo a corpo com os congressistas para obter uma maioria comprometida com o Brasil do fim do século", diz.

Texto Anterior: Tá no ar o Mauricinhogate!
Próximo Texto: Telecomunicações quer 30 representantes
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.