São Paulo, domingo, 7 de agosto de 1994
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Telecomunicações quer 30 representantes

ELVIRA LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL

As empresas privadas do setor de telecomunicação querem formar uma bancada de pelo menos 30 representantes no Congresso.
Os empresários se dizem "escaldados" com duas experiências recentes com o Congresso: a discussão sobre a proteção de mercado para fabricantes nacionais, no ano passado, e a sobre a quebra do monopólio estatal na revisão constitucional. Ambas cairam no vazio.
O candidato à Presidência da República preferido pelo setor é Fernando Henrique Cardoso. Esperidião Amin (PPR), que foi funcionário da Telesc (telefônica estatal de Santa Catarina) também tem apoio da indústria nacional.
Os empresários, porém, avaliam que o futuro do setor estará nas mãos do próximo Congresso.
As indústrias de equipamentos têm nas estatais seu maior mercado e as empresas que querem prestar serviços de telefonia dependem da quebra do monopólio estatal.
As operadoras de TV a cabo e de outros serviços de telecomunicação aguardam novas concessões do governo que, por sua vez, dependem de projetos de lei que se arrastam há anos no Congresso.
O principal critério das empresas para a seleção dos candidatos que terão seu apoio financeiro é o desempenho que os parlamentares tiveram na revisão constitucional.
O setor defendeu a quebra do monopólio estatal das telecomunicações na revisão. A questão não chegou a ser votada, mas as empresas listaram os parlamentares que foram contra, os que a favor e os que se omitiram.
Oito parlamentares são apontados pela maioria das empresas como nomes de consenso para apoio: Renato Johnsson (PP-PR), Aloisio Vasconcelos (PMDB-MG), Beto Mansur (PDT-SP), Maluly Netto (PFL-SP), Luís Carlos Hauly (PP–PR), Alberto Goldman (PMDB-SP), Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA) e Paulo Heslander (PTB-MG).
O setor de telecomunicações não é um bloco unido. Os fabricantes de equipamentos se dividem entre os que querem a livre concorrência e os que defendem proteção de mercado para as indústrias instaladas no país.
Curiosamente, as duas facções da indústria apontam a deputada Irma Pasoni, do PT de São Paulo, como um dos parlamentares com maior credibilidade no setor.
Na avaliação dos empresários, a deputada manteve um diálogo aberto com as indústrias quando presidiu a comissão de ciência e tecnologia do Congresso (1992) e tem uma visão "moderna" do setor, embora vote sempre com seu partido, que é favorável ao monopólio estatal.
Fabricantes de equipamentos disseram à Folha que estão sendo procurados por candidatos, mas ainda não teriam feito doações. "Temos que fazer uma seleção criteriosa para não encilhar o cavalo errado", afirmou um empresário.

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