São Paulo, domingo, 7 de agosto de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Jogo contra EUA não assusta brasileiros

EDGARD ALVES
DO ENVIADO ESPECIAL

O desafio desta tarde contra o "Dream Team 2" não assusta a seleção brasileira de basquete. Isto porque, enfrentar uma seleção da NBA, mesmo sob risco de uma derrota, é um momento de glória para qualquer jogador de basquete.
"Perder de 40 é normal. Perder de dez é uma honra", sintetizou o ala Fernando Minucci, que parece reabilitado pela comissão técnica.
Depois de ter feito críticas ao planejamento da preparação da seleção, na antevéspera da estréia no Mundial, o jogador acabou ficando grande parte do primeiro jogo no banco de reservas, O time perdeu e, contra a Espanha, Fernando foi escalado normalmente, mas a equipe acabou eliminada.
O armador Maury, que enfrentou o "Dream Team" na Olimpíada de Barcelona-92, disse que aquele time era superior ao atual. "Não dá para comparar. Até o assédio era diferente", afirmou Maury, para quem o jogo "vai ser divertido".
Para o técnico Ênio Vecchi, o jogo desta tarde é um momento especial. "O melhor é procurar reter a bola, gastar tempo, sem correria e sem se inferiorizar", falou. Sabendo que sua chance de vitória é remota, o Brasil vai procurar dificultar ao máximo a partida para o adversário.
Dois dos jogadores do "Dream Team 2", o armador Mark Price (do Cleveland Cavaliers) e o ala-armador Reggie Miller (do Indiana Pacers) jogaram contra o Brasil nos tempos em que atuavam no basquete universitário, de onde saiam os jogadores da seleção americana.
"Lembro bem do Oscar no Pan de Indianápolis. Ganhou dos EUA. O Brasil deve sentir a ausência dele", observou Miller, destaque dos Pacers recentemente nos playoffs da NBA.
Price tem uma recordação melhor. Lembra que os EUA venceram o Brasil em 83, mas que o jogo foi difícil. "São (os brasileiros) bons no ataque", disse.
O ala Dominique Wilkins, do L.A. Clippers, declarou que o Brasil tem jogadores "baixos e rápidos", mas espera que os EUA vençam por diferença de 60 pontos. O armador Joe Dumars, do Detroit, achou a previsão do companheiro exagerada. "É difícil ganhar de qualquer time por 60 pontos", falou.
Após a derrota diante da Espanha por 73 a 67 (30 a 36), na última sexta- feira, Vecchi concedeu entrevista coletiva. Um dos jornalistas estrangeiros manifestou seu espanto pelo fato de o Brasil não ter convocado o cestinha Oscar para o Mundial e quis saber porque Vecchi tinha tomado tal decisão.
"Foi por razão técnica, pelas estatísticas dos últimos campeonatos. É chegada a hora da transição. Demorou um pouco e estamos pagando o preço neste Mundial", declarou.
Derrota
Contra a Espanha, o Brasil havia liderado o marcador até permitir o empate em 51 pontos, quando as duas equipes passaram a se revezar na liderança do placar. Após novos empates em 57 e 59 pontos, a Espanha passou à frente e garantiu a vitória, determinando a eliminação do time brasileiro da disputas pelos primeiros lugares.
Jogaram e marcaram: Brasil - Paulinho 21, Pipoca 4, Josuel 12, Fernando 16, Maury 11 (formação inicial), Rogério 3, Olívia e Rato; Espanha - Villacampa, Jofresa 9, Orenga 10, Jimenez, Ferran Martinez 2 (time que começou a partida), Herreros 21, Andreu 6, San Epifanio 18, Laso 3 e Vecina 4.
Aprendizado
A política de renovação dos jogadores da seleção vai ser mantida, garantiu o presidente da Confederação Brasileira de Basquete, Renato Brito Cunha.
Sem justificativas de peso para defender a forma como a atual seleção foi formada, Brito Cunha tenta ver aspectos positivos na campanha do time, que agora luta pelo nono lugar, a pior posição do Brasil na história dos 12 Mundiais.
"Vamos para o torneio de consolação, que tem times fortes. É um teste importante para nosso time, pensando no futuro. É nessa hora que eles vão aprender a jogar", afirmou.(EA)

Texto Anterior: Por que eles não seguem a Parmalat?
Próximo Texto: Vidal critica time do Brasil
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.