São Paulo, segunda-feira, 8 de agosto de 1994
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PERRY FARREL

JONATHAN GOLD
DA "SPIN"

O criador do Lollapalooza conta as novidades para o festival deste ano, que incluem até computadores
O festival Lollapalooza volta a montar seu circo nos EUA, e Perry Farrell quer seu lugar como o demoníaco mestre de cerimônias.
O Lollapalooza é o festival itinerante que percorre várias cidades norte-americanas durante o verão do hemisfério norte.
Este ano se apresentam Smashing Pumpkins, Beastie Boys, Breeders, A Tribe Called Quest, George Clinton e the P-Funk Allstars, Nick Cave & The Bad Seeds, L7, Boredoms e Green Day, entre outros.
Farrell é o maior artista alternativo americano, o homem que misturou a estética punk com guitarras pesadas na banda Jane's Adiction, possivelmente o primeiro grupo dos anos 80 a agradar tanto metaleiros como malucos por "college-radios".
Ele teve o mérito de transformar uma modesta turnê do Jane's Adiction no Lollapalooza. E quando o Jane's Adiction acabou ele continuou tudo o que fazia com o Porno for Pyros.
Farrell é o símbolo de como o rock'n'roll vive em seus limites: é um cara atormentado que sonha com fantasmas. Nesta entrevista, ele fala sobre computadores, sua vida e, claro, rock.

Pergunta - Conte-me sobre a experiência com computadores que você está realizando.
Farrell - Estamos estabelecendo uma base de computação e os garotos podem usá-la para falar com o Japão on line, ou com seus colegas em Seattle.
Podem falar com Billy nos bastidores. Podem falar com o Brasil. Podem falar com a garota que acaba de dizer na tela do vídeo que está solteira.
Tudo isso é especulativo, mas falamos com a MTV a respeito de uma ligação com a TV, para que as pessoas possam mesmo participar –doar dinheiro para comprar um pedaço de floresta tropical.
Vamos comprar a maldita floresta e parar de perder tempo, ter um certificado dourado dizendo que você é dono dela para deixar para a posteridade, ainda que não possa fazer nada com sua propriedade. Dê o certificado de presente para o seu neto e tudo bem. Vamos todos respirar ar limpo. É a espécie de coisa que queremos fazer.
Pergunta - Você tem se ligado na Internet?
Farrell - Você me viu lá? As pessoas são muito mimadas. Eles me matam. Provavelmente porque vêm todos de boas famílias. Mas não gostam de nada, especialmente de mim.
Pergunta - Além dos computadores, o que você está experimentando este ano?
Farrell - Tumultos em realidade virtual, por exemplo. E tentar arranjar, em cada cidade, uns caras da NBA para jogar partidas individuais.
Em vez de pendurarmos obras de arte na parede, demos sombrinhas para que artistas decorassem, e elas vão estar espalhadas pelo festival.
Pedi que Jim Evans, do grupo Taz (pôsteres) que produzisse uns bons alvos em "silk-screen". Nós vamos ter estandes de tiro ao alvo com pistolas de tinta e atirar contra alvos parecidos com Rush Limbaugh. Você pode levar o alvo para casa como souvenir.
Temos um vôo em realidade virtual que era usado para treinar pilotos de caça e está obsoleto agora, mas é um grande vôo.
Tenho uma coisa nova chamada Gazebo Stage –não é o palco (stage) principal nem é o segundo palco, das independentes. Quero tocar lá, quero que Elvis Costello apareça para mostrar para as pessoas como ficou gordo. Quero que Billy Corgan e alguém dos Breeders façam dez minutos de covers do Smokey Robinson. Não importa, desde que seja bizarro.
Pergunta - Muito de sua estética com o Jane's, o Porno e o Lollapalooza parece ser a respeito de dizer sim à experiência, abrir a mente.
Farrell - A vida é curta, então por que não nos deixarmos levar?
Eu estava protegido. Serviu para fazer uma noite de quinta-feira interessante.
Tradução de PAULO MIGLIACCI.

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