São Paulo, segunda-feira, 8 de agosto de 1994
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Cultura exibe 30 filmes clássicos da RKO

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DE CINEMA

A Cultura acaba de comprar um pacote de 30 filmes da RKO, que começam a ser exibidos ainda este ano. Na sua época, entre os anos 30 e 50, o estúdio era considerado sem personalidade definida, entre os grandes de Hollywood.
No entanto, de lá saíram "Cidadão Kane", "Soberba", "Jornada de Pavor" (este co-dirigido por Norman Foster), três míticos trabalhos de Orson Welles.
Retrospectivamente, a RKO pode ser definida hoje como um grande estúdio experimental. Lançava talentos na direção com a mesma desenvoltura que usava veteranos como Allan Dwan (grande ausência do lote) ou Fritz Lang. É uma pena, aliás, que de Lang venha apenas o faroeste "O Diabo Feito Mulher", de 1952, em vez dos dois últimos filmes que fez nos EUA, em meados dos anos 50, "No Silêncio de uma Cidade" e "Suplício de uma Dúvida".
Também na produção, a RKO é responsável pela série de horror de Val Lewton, que renovou o gênero nos anos 40 (dela virá só "O Túmulo Vazio", de Robert Wise) e por "King Kong" (1933).
A RKO também podia investir nos valores seguros, como o John Ford de "O Delator", "Sangue de Herói", "Legião Invencível", "Caravana de Bravos", o Hitchcock de "Suspeita", o George Stevens de "Gunga Din", o Howard Hawks de "Levada da Breca" (provavelmente sua melhor comédia). São todos títulos de primeiríssima linha e há muito fora de circulação.
O ciclo pode bem se dividir em raridades e preciosidades. Às vezes, as duas categorias se confundem. É o caso de "A Morte Tem Seu Preço", adaptação de "Os Nus e os Mortos", de Norman Mailer, feita em 58 por Raoul Walsh. É o caso, mais ainda, de "No Teatro da Vida", que dá ao espectador a chance de ver um filme de Gregory La Cava, diretor esquecido, mas central no cinema americano dos anos 30.
Esses 30 filmes dão bem a idéia do que foi a conturbada e vigorosa existência da RKO (1929-1958) que, entre outras, passou pelas mãos do milionário Howard Hughes. Mas ainda há muito a mostrar.

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