São Paulo, segunda-feira, 8 de agosto de 1994
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"O tema é a adolescência e o primeiro amor", diz Eugenides

MARCELO REZENDE
DA REDAÇÃO

"O tema é a adolescência e oprimeiro amor", diz Eugenides
A seguir o escritor Jeffrey Eugenides fala do sucídio como tema central de seu romance e da forma de sua narrativa. Fala também sobre sua visão da América, a adolescência e o primeiro amor.
Folha - Todo o romance é narrado em diferentes vozes. Na verdade, testemunhos daquele que foram tocados pelas garotas da família Lisbon e a história dos suicídios.
Eugenides - Na verdade meu romance é contado do ponto de vista daqueles que sobreviveram e menos sobre aqueles que se suicidaram. Por isso todos os testemunhos sobre aquela tragédia, tudo que aconteceu em um período importante de suas vidas. E não um narrador convencional.
Folha - Mas então por que o suicídio como tema?
Eugenides - Não pretendo desvendar as razões que fazem as pessoas tomarem esse ato. Acho que isso é muito particular, que não poderá nunca ser desvendado por alguém que assiste à cena. Mas o maior tema do meu romance não é esse, o suicídio. E sim as diferentes maneiras que as pessoas têm de tentar dar fim à própria vida. E como sobrevivem assim.
Folha - Então qual o tema de "Virgens Suicidas"?
Eugenides - A adolescência e o primeiro amor. E você sabe como é duro tudo isso.
Folha - Por que toda a história se passa durante os anos 70, e não nos EUA de hoje?
Eugenides - Foi o tempo em que passei minha adolescência. Todas as minhas referências, a música, a roupa, vêm de lá.
Folha - No livro surge a idéia de um país que descobre finalmente a tristeza.
Eugenides - Responder a isso é muito difícil para mim. Não acho que meu romance vá além do que se pretende em suas páginas. Não consigo pensar em termos de um país. Penso sobre pessoas e não sobre "uma nação". Eu, pessoalmente, vivo feliz aqui em Nova York. Parece que as pessoas de outros países se sentem felizes em descobrir tristeza na vida dos americanos (risos). (MR)

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