São Paulo, quarta-feira, 10 de agosto de 1994 |
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FHC perde dinheiro com real forte
FERNANDO RODRIGUES
É que os exportadores brasileiros estão reduzindo seus lucros por causa da alta cotação da moeda brasileira. Por isso, doarão menos dinheiro para a campanha de FHC. O real fechou ontem cotado a US$ 0,889 para compra. Essa é a cotação do dólar comercial. Os empresários só falam sobre a redução das doações para a campanha de FHC na condição de não terem os seus nomes revelados. O setor exportador de suco de laranja, por exemplo, fatura cerca de US$ 1,2 bilhão por ano. O dinheiro entra no Brasil e tem que ser convertido em reais. No início do Plano Real, quando a cotação da moeda brasileira era praticamente igual a US$ 1, o exportador não tinha prejuízo. Agora, o faturamento diminui na hora da conversão para o real. Como exemplo, basta converter o faturamento anual dos exportadores de suco de laranja: US$ 1,2 bilhão equivale a R$ 1,068 bilhão. Estão em situação semelhante os exportadores de carne, sapatos e autopeças. Todos os empresários ouvidos pela Folha dizem que a diminuição de doações não representa a retirada de apoio a FHC. O termo usado para explicar o menor volume de dinheiro doado é "consequência". Como se lucra menos com o real forte, consequentemente é preciso fazer menos doações, dizem os empresários. Doação para campanha é um tema sobre o qual os empresários têm receio de falar. Por causa dos últimos escândalos políticos, como o impeachment de Fernando Collor, os empresários passaram a tomar mais cuidado. Os exportadores ouvidos pela Folha acreditam que houve uma diminuição natural de doações financeiras para esta campanha. O percentual usado para comparar a redução a outras campanhas varia é de 20% a 40%. No caso dos exportadores, a queda será ainda maior por causa do fortalecimento do real. Os exportadores avaliam de duas formas o problema da moeda forte: 1) Embora o real dificulte as exportações, o problema pode ser contornado no médio prazo. As indústrias reduzirão custos para se tornarem mais competitivas. 2) O real forte é apenas um obstáculo de percurso. Paga-se um preço agora, mas a moeda forte vai ajudar FHC a vencer. Muita coisa que seria exportada –principalmente alimentos– vai ficar no mercado interno, o que ajudará os preços a se manterem num patamar baixo. LEIA MAIS Sobre a queda do dólar no caderno Dinheiro Texto Anterior: PL anuncia hoje renúncia de Rocha Próximo Texto: Fiesp quer contas em dólar Índice |
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