São Paulo, quarta-feira, 10 de agosto de 1994
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Fiesp quer contas em dólar

FERNANDO RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) vai pressionar o ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, para modificar a cotação do real.
A Fiesp é um dos maiores redutos de apoio a Fernando Henrique entre empresários.
Eles vão pedir ao ministro a liberação do câmbio no país, inclusive a possibilidade de se ter contas bancárias em dólar.
A conta bancária em dólar já é permitida na Argentina, país que fez um ajuste econômico semelhante ao brasileiro.
A vantagem para os exportadores seria não ter que trocar o dinheiro que recebem para reais. Venderiam a mercadoria e depositariam o valor da venda no Brasil, mas em dólares.
O exportador só converteria os seus dólares para reais quando achasse conveniente –ou quando o câmbio fosse favorável.
Ricupero vai ouvir as queixas da Fiesp no dia 19, sexta-feira da semana que vem. Nesse dia, a entidade vai promover um fórum de debates sobre comércio exterior.
O diretor do Departamento de Comércio Exterior da Fiesp, Luiz Fernando Furlan, disse ontem que os exportadores esperam por uma "sinalização do governo".
Essa sinalização seria, por exemplo, a conta bancária em dólar. Mas pode, também, ser uma taxa de câmbio que não deixe o real tão forte como está agora.
O problema dos exportadores é que os seus custos são todos em reais. Um produtor de suco de laranja, por exemplo, compra adubo e paga seus funcionários em reais.
Na hora de vender seu suco no exterior, o preço é em dólar. Como o valor do dólar está caindo há 40 dias, o exportador de suco recebe cada vez menos reais.
Mas os custos internos continuam sendo altos. "Não se pode pagar menos salários para os funcionários", diz Furlan.
O diretor da Fiesp diz que o problema foi "apresentado ao governo há um mês, houve uma promessa mas nada foi feito".
No início do Plano Real, vários exportadores procuraram pessoas ligadas a Fernando Henrique para tentar solucionar o problema. Não tiveram sucesso.(FR)

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