São Paulo, quarta-feira, 10 de agosto de 1994
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Saiba como lidar com a secretária executiva

BARBARA GANCIA
COLUNISTA DA FOLHA

Eis uma dica de grande utilidade pública para quem costuma ser vilipendiado ao telefone por um tipo arrebatador: a secretária superprotetora. Você, leitor, certamente, já encarou o monstro. Refiro-me àquela senhora que trata interlocutores por "anjo" e "benzinho" e funciona como muralha da China entre seu chefe e outros mortais.
Pois bem. Para sobreviver ao escrutínio desse personagem, criei um método infalível. Quando ela lhe colocar a fatídica pergunta "pode adiantar o assunto?", responda sereno: "Quero saber o número do fax de seu chefe para enviar a ele o currículo da nova secretária executiva poliglota que ele deseja contratar". É batata. Ela perde o rumo de casa.

No último sábado, almocei com monsieur Charles-Henri Favrod, diretor e conservador do Musée de L'Elysée de Lausanne, na Suíça, que vem a ser um dos mais prestigiosos museus de fotografia do mundo.
Além de presentear o MIS com 40 fotos do concreto Geraldo de Barros, que integram o acervo de seu museu, M. Favrod cometeu outras gentilezas durante o almoço campestre.
Pacientemente, ele saciou minha curiosidade a respeito de fotógrafos que admiro –e que ele conhece pessoalmente. Contou-me, por exemplo, que estava presente quando Henri Cartier-Bresson encontrou o Dalai Lama na Europa.
Segundo M. Favrod, o mito da fotografia, um "solidarista" (termo que o diretor do Elysée utiliza no lugar do ultrapassado "comunista"), desmanchou-se em reverências aos pés do líder do budismo tibetano.
Lembrei-me, então, de que o cineasta Bernardo Bertolucci, um ex-trotskista da gema, também não poupa elogios ao budismo tibetano.
Claro, a grama do vizinho é sempre mais verde e o fascínio em relação ao inusual não poupa nem mesmo mitos vivos.
Existem, porém, inúmeros outros motivos para explicar por que o Dalai Lama anda mais cotado do que o papa nos salões bem-frequentados.
Cito exemplos recentes: a) a condenação da Igreja a homossexuais e preservativos; b) a fofoca espalhada e desmentida por Aloísio Lorscheider de que o papa teria câncer e c) o absurdo de a CNBB se meter em questões "materias", como organizar debate entre candidatos à Presidência.

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