São Paulo, quarta-feira, 10 de agosto de 1994
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Preço da arroba cai mesmo com entressafra

MARISTELA MAFEI
DA REPORTAGEM LOCAL

O preço da carne bovina caiu ontem para R$ 24,00 a arroba, contra os R$ 25,00 cobrados no final da última semana, e nada indica que vá pressionar os índices que medem a inflação até o fim do ano.
Cotado em dólar, os preços ainda estão acima da média de agosto de 93 –US$ 26,60 contra US$ 23,50.
A arroba do boi gordo deverá permanecer estável mesmo no auge da entressafra, do final de agosto até outubro, na avaliação de donos de frigoríficos e pecuaristas.
A maior oferta de gado confinado e a concorrência da carne de frango deve evitar pressão de alta.
Acima da cotação de R$ 25,00, os grandes frigoríficos conseguem trazer maior quantidade de carne da Argentina, onde o produto é cotado a US$ 23,00, informa Itacyl Gamelo, presidente do Sindicato da Indústria do Frio (Sindifrio).
Geraldo Bordon, presidente do Conselho de Administração do grupo Bordon, maior frigorífico de carne bovina do país, avalia que "o consumo interno continua baixo, sem sinais de reaquecimento, o que leva ao recuo dos preços da carne no atacado".
Segundo Victor Abou Nehmi, do departamento de economia do Sindicato Nacional dos Pecuaristas de Gado de Corte (Sindipec), os grandes frigoríficos têm importado carne somente para a fabricação de enlatados e embutidos.
O preço do boi gordo, cotado a R$ 22,00 na entrada do real, subiu para R$ 23,00 nos primeiros dias de julho. Na entrada de agosto houve movimento de reposição dos estoques domésticos, de consumidores que haviam deixado de comprar o produto em julho.
A maior pressão fez o preço alcançar R$ 25,00 –retroagindo, ontem, para R$ 24,00, na cotação do Sindifrio.
Pelos números de venda do boi gordo, ainda é prematuro se avaliar se está ou não havendo aumento do consumo de alimentos.
Em épocas de estabilização da economia, tradicionalmente é registrado o aumento do consumo de proteínas animais pelos consumidores de menor poder aquisitivo.
Segundo o Sindipec, antes do real o quilo da carne de primeira (traseiro) no atacado, era cotado a 1,80 URVs, contra os 1,30 URVs da carne de segunda (dianteiro).
Ontem, a relação era de R$ 1,90 (traseiro) por R$ 1,35 (dianteiro). Está havendo menor procura da carne de segunda, de acordo com Itacyl Gamelo, porque "a indústria exportadora já deixou de comprar o produto e está havendo concorrência direta do frango".

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