São Paulo, quarta-feira, 10 de agosto de 1994
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Consumo classe C deve girar US$ 10 bi

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

Se a inflação se mantiver em patamar baixo, os economistas prevêem o nascimento de um mercado consumidor considerável, formado pela população que recebe até três salários mínimos (R$ 194,37).
"Dentro de doze meses, a capacidade de compra dessa população deve atingir US$ 10 bilhões", diz Nelson Barrizelli, economista da Universidade de São Paulo.
Com a queda da inflação, o dinheiro "parou de queimar" na mão do consumidor da classe C e D que não tinha acesso à aplicação financeira, diz Marcos Gouvêa de Souza, consultor de varejo.
Mais do que isso. Com crediário mais longo, a prestação passou a caber dentro do salário, o que trouxe de volta às compras clientela de baixa renda.
Essa teoria foi constatada por Liberman, da loja A Barateira. Antes do real a proporção era a mesma entre vendas à vista e no crediário (em até três vezes).
"Hoje 70% dos negócios são a prazo e o nosso crediário é de até 10 pagamentos", diz o comerciante.
Sem revelar números, Liberman diz que as vendas em lojas mais distantes, como a do Largo Treze, em Santo Amaro, zona sul, e de Osasco (SP) apresentam desempenho melhor depois do real, comparadas às do centro.
Eliminar grifes
Para dar conta do aumento do consumo das camadas populares, o comércio já está revendo o perfil dos estoques.
"Mantive só 30% de produto de grife e aumentei a quantidade dos populares", diz o dono de uma grande rede de lojas de vestuário. O que mais sai em suas lojas são roupas na faixa de R$ 5 a R$ 25.
Antes do real, a proporção entre artigos caros e baratos era praticamente idêntica.
Segundo o empresário, vontade para eliminar a marca famosa do estoque ou baixar o seu preço não falta.
Ela continua na loja porque é um chamariz de vendas. Também não é possível reduzir o preço porque as donas das grifes não permitem, diz o empresário.
A Barateira conta também que reforçou o estoque de móveis populares, como por exemplo, dormitórios de casal que custam até R$ 200. São estes produtos que estão tendo mais saída, diz Liberman.(MCh)

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