São Paulo, quinta-feira, 11 de agosto de 1994
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Programação do PT no Rio revela problemas da campanha de Lula

AMÉRICO MARTINS

AMÉRICO MARTINS ; EDNA DANTAS
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

EDNA DANTAS
A programação do candidato petista à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva ontem, no Rio, revelou os problemas estratégicos que o candidato está enfrentando na montagem de sua agenda.
No início da tarde, Lula enfrentou um calor de 30 graus e uma distância de 25 quilômetros entre o centro da cidade e a Ilha do Governador (zona norte) para visitar o estaleiro Emaq –uma empresa de 2,4 mil empregados liderados pela máquina sindical petista.
No final do dia, fez uma passeata entre a Candelária e Cinelândia, no centro da cidade, reunindo ao final cerca de 3 mil pessoas (avaliação da PM) e 15 mil (segundo os organizadores).
Nos discursos que fez e na entrevista coletiva Lula responsabilizou o candidato tucano, Fernando Henrique Cardoso, pelos baixos salários pagos no Brasil.
"É só ele (FHC) se olhar no espelho que ele vai encontrar quem é o responsável pelo salário baixo", disse. Segundo Lula, quando o tucano assumiu o ministério da Fazenda, em maio de 93, o salário-mínimo correspondia a cerca de US$ 80, caindo para US$ 64.
No comício da Cinelândia, Lula pediu a militância que o ajude a rebater as críticas contra o Plano Real. "Quando perguntarem se o Lula vai acabar com o real, vocês dizem: não. Ele vai colocar mais reais no nosso bolso", pediu.
Para os empregados do estaleiro Emaq, o petista afirmou que só com a compra de quatro pães e um litro de leite, o trabalhador gasta o equivalente a R$ 30, "quase a metade do salário-mínimo".
Anteontem, FHC culpou o PT pelo baixo salário-mínimo. Segundo ele, o partido de Lula não quis fazer a revisão constitucional que permitiria uma reforma do sistema previdenciário e fiscal.
Ao comentar os resultados da pesquisas eleitorais, o petista afirmou que já previa a sua queda, justificada por ele como uma consequência do Plano Real.
"Não estamos enfrentando apenas um candidato, mas toda uma máquina do Estado trabalhando na chamada propaganda subliminar que é mais forte do que a própria campanha do candidato", disse.
Desde ontem, mais quatro agentes da Polícia Federal estão reforçando a segurança de Lula.
Com o reforço, por determinação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a segurança do candidato petista agora tem dez agentes.
A razão para o aumento, segundo apurou a Folha, é a concentração de grande eventos, como comícios, até o final da campanha. O número de agentes ainda deverá ser ampliado.
Hoje Lula viaja para o Rio Grande do Sul.

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