São Paulo, quinta-feira, 11 de agosto de 1994
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Assembléia cobra dados de poluição no rio Tietê

LUIZ CARLOS DUARTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Deputados estaduais do PDSB e do PT vão cobrar esclarecimentos sobre o programa de despoluição do rio Tietê ao governo do Estado.
A Folha revelou ontem que a qualidade da água do rio piorou no governo Fleury. Amostras coletadas na barragem Edgard de Souza, em Santana do Parnaíba, na Grande São Paulo, mostram que a qualidade vem caindo desde 90.
Segundo as médias anuais do IQA (Índice de Qualidade da Água), a nota de qualidade baixou de 21,1 (ruim) em 1990, último ano do governo Quércia, para o patamar "péssimo", nos seguintes índices: 18,5 (91); 18,3 (92); 17,6 (93); 13,6 (no 1º semestre de 94). A análise é feita pela Cetesb.
O deputado Ivan Valente (PT), 48, vai encaminhar ofício à Comissão de Defesa do Meio Ambiente da Assembléia Legislativa, solicitando a convocação do secretário José Fernando da Costa Boucinhas, de Planejamento e Gestão, cuja pasta é a responsável pelo gerenciamento do Projeto Tietê.
Acrescentou que vai pedir ainda a presença na Assembléia dos presidentes da Cetesb e Sabesp.
Já o deputado Ricardo Tripoli (PSDB), 42, disse que vai encaminhar requerimento de informações ao governo pedindo as análises de água do Tietê realizadas pela Cetesb nos últimos dez anos.
"O governo precisa abrir essa caixa-preta. Não pode afirmar à sociedade que a situação do rio ficará só melhor no futuro. É inaceitável essa resposta", disse Tripoli.
Neste ano, o governo investiu US$ 3,7 milhões em uma campanha publicitária, prometendo 50% de redução da carga poluidora do rio até o final deste ano. Um comercial de TV exibe atualmente um clipe com música em homenagem ao rio, cantada pela dupla Chitãozinho e Xororó.
O Núcleo Pró Tietê, da Fundação SOS Mata Atlântica, começa neste mês a realizar um projeto de eduação ambiental e de monitoramento da qualidade da água do Tietê.
Segundo o geógrafo Mário Mantovani, 38, coordenador do núcleo, as medições serão feitas por um ano, a partir deste mês. A primeira coleta será no dia 16.
As amostras serão coletadas junto ao Cebolão, interligação das marginais Tietê e Pinheiros. "Vamos cumprir um papel de referência para toda a sociedade sobre a recuperação do rio Tietê", disse.
Segundo ele, o projeto não significa um confronto com os índices de avaliação do governo, através do IQA. "Vamos analisar muitos outros índices", afirmou.
Observou que a metodologia para a análise da água na região metropolitana, a mais crítica de todo o rio, será adotada segundo os padrões internacionais do manual "Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater" (Métodos Padrões para o Exame de Água e Resíduos), edição de 1993.

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