São Paulo, quinta-feira, 11 de agosto de 1994
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Garota acusa 2 policiais de estupro em SP

DA REPORTAGEM LOCAL

Dois policiais militares do Policiamento de Trânsito foram indiciados ontem pelo estupro de Rosana Emília Rodrigues, 19, fotógrafa desempregada, na Vila Formosa (zona leste de SP). Os policiais negam o crime.
Ela teria sido estuprada às 2h de ontem, na rua Gaspar Viana, após ter aceitado carona dos policiais, que estavam de serviço, fardados e portando armas.
Uma das provas do crime são duas camisinhas encontradas pela polícia no local.
Os soldados Valter Geraldo do Nascimento, 30, e João Aparecido Cartaginazzi, 31, da 3ª Companhia do 4º BPTran, vão responder a inquérito na PM –com risco de serem expulsos da corporação– e na Polícia Civil.
Segundo o depoimento de Rosana, ela estava indo para casa, após ter visitado uma amiga, quando os PMs lhe ofereceram carona.
Dentro do carro, eles teriam insinuado que pagariam para manter relações sexuais com ela.
Ela diz que recusou e então teria sido forçada, sob a ameaça de revólveres. "Eles disseram que se eu não desse por bem, ia ser por mal mesmo", afirmou.
Segundo a polícia, o soldado Cartaginazzi, que tinha duas camisinhas, foi o primeiro a estuprar Rosana, num terreno baldio próximo ao Cemitério da Vila Formosa.
Em seguida, o policial Nascimento a teria levado para dentro da Kombi do BPTran, onde teria mantido relações sexuais com ela.
Rosana afirma ainda que os PMs pegaram os R$ 15,00 que ela tinha no bolso e teriam tentado devolver R$ 20,00, para que ela dissesse que havia sido "paga".
Rosana afirma que não aceitou o dinheiro de volta e agora os policiais também estão sendo acusados de roubo.
"Há sérios indícios que eles cometeram o estupro", afirma o delegado Antonio Abissamra Neto, 49. Segundo ele, o depoimento de Rosana não teve contradições.
As camisinhas encontradas foram encaminhadas à perícia. Rosana e os dois políciais fizeram exames de corpo delito ontem no IML (Instituto Médico Legal) para atestar a "conjunção carnal".
Segundo o IML, os resultados dos exames devem ser divulgados em cerca de dez dias.
O sargento Jorge Prokopas, que estava responsável ontem pela 3ª Cia, disse que os PMs tiveram as armas apreendidas e estão à disposição do Batalhão até o fim das investigações.
Já o delegado Abissamra afirmou que os dois seriam detidos no Batalhão até o final do inquérito.

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