São Paulo, quinta-feira, 11 de agosto de 1994
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São Paulo cantará melodia em guarani

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, o São Paulo passou a duras penas ontem pelo Olimpia do Paraguai. O time não conseguiu repetir as boas atuações das últimas rodadas das Libertadores.
O São Paulo errou muito em um dos fundamentos mais prezados pelo técnico Telê Santana: os passes. Faltou também inspiração ao time do Morumbi.
O time brasileiro beneficiou-se de pelo menos um erro da arbitragem: o pênalti em Palhinha.
Arquitetado em uma jogada primorosa –a abertura de espaço pelo toque de Muller, que encontrou Palhinha na zona certa– o lance foi interrompido antes da conclusão, dentro da área.
Pênalti? Nem tanto.
Foi muito mais a leveza, a suavidade de Palhinha –que cai facilmente, como uma folha de outono–, aliada a uma malícia intuitiva de que o zagueiro tentaria roubar bola por baixo.
Baixar a produção em um torneio irregular, com lapsos de tempo e grandes deslocamentos, como é uma competição como a Libertadores, é normal.
O São Paulo ontem oscilou para baixo. Mas tem elenco, porte e time para tentar, pelo menos, o empate lá no Paraguai.
Não se pode desprezar o Olimpia. Posiciona-se de maneira correta, toca a bola com objetividade. E, desde 89, foi campeão uma e vice duas vezes da Taça Libertadores da América.
Para continuar sonhando com Tóquio, o São Paulo vai precisar da habilidade e da experiência. E voltar de Assunção, como o Caetano Veloso, cantando velhas melodias em Guarani.

Meus amigos, meus inimigos, que maravilha um clássico do futebol paulista com nove gols, em plena terça-feira (que foi gorda apenas no placar).
Jogo cheio de alternativas, franco, de peito aberto, capaz de criar atração para um torneio que despertou muito pouco interesse.
Serginho é um caso interessantíssimo: simples, falando direto, impôs um ânimo e uma coragem a um elenco que cresceu acima das suas próprias condições técnicas. Isto também é ser treinador.
E o Corinthians, bem ao gosto do que o técnico Jair Pereira tem falado, mostra que está bem de frente. Muito bem, aliás, com a volta do Viola, que deve ter aprendido a usar chapéu com o David Zingg.
Aliás, a dupla Marcelinho (que faz os seus e assiste muito bem) e Viola pode ser uma das grandes atrações do grandalhão confuso que é o Campeonato Brasileiro que vem aí.
O Santos precisa ganhar hoje. Vai para cima da defesa do Corinthians. Poderemos ter hoje um novo show de gols.
Ah, e antes que eu me esqueça, o Corinthians passou a mandar de vez no jogo depois da entrada do Casagrande.

Pelas contratações, o campeonato inglês parece que vai ser muito animado nesta temporada.
Parece que lá na ilha está se chegando ao consenso de que é preciso mudar o estilo de jogo dos locais.
Uma boa dose de estrangeiros –se bem que é bastante difícil a adaptação por lá– pode mudar o panorama.
Parece que a TV Cultura vai mostrar a temporada inglesa de futebol. Mais um gol para ela.

Vem aí uma revolucionária revista de clube de futebol. Mais precisamente, a do Palmeiras, que chega aos 80 anos.
A coisa é tão inovadora que poderá ter até o anúncio de um grande time rival.

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