São Paulo, sexta-feira, 12 de agosto de 1994
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Cronograma da Sabesp contradiz a meta do Tietê

LUIZ CARLOS DUARTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O cronograma e as projeções de funcionamento das principais obras de saneamento da Sabesp derrubam e contrariam a meta do governo do Estado em reduzir a carga de poluição orgânica do rio Tietê 50% até o final deste ano.
A meta foi lançada em junho deste ano, em meio a uma campanha publicitária que incluiu anúncios em jornais, revistas, outdoors e comerciais na TV.
As duas principais obras da Sabesp que estão envolvidas na operação do governo são a estação de tratamento de esgotos do ABC, a ser inaugurada em novembro, e a ampliação da capacidade da estação de Barueri.
Segundo dados do governo do Estado, a atual carga de esgotos no Alto Tietê, trecho que corta a região metropolitana, é de 1.100 toneladas por dia, sendo 700 de origem doméstica e 400 de origem industrial.
O índice de despoluição de 50%, segundo o coordenador-adjunto do Projeto Tietê, Lineu Alonso, viria do controle ambiental de 1.250 empresas, a ser adotado plenamente em 1995, e do aumento de capacidade do tratamento de esgotos residenciais, com a inauguração da estação ABC.
Segundo os cálculos do Projeto Tietê, o programa das empresas resolveria 90% dos esgotos industriais, o equivalente a 350 toneladas/dia aproximadamente.
Já o tratamento de esgotos residenciais chegaria a 150 toneladas/dia, nas seguintes condições: a estação do ABC atuaria com uma capacidade de 3 m3/s e a estação Barueri com 7 m3/s.
Somando-se os dois números, chega-se a 500 toneladas/dia, aproximadamente 50% das 1.100 toneladas. Em termos exatos, 45,5% do total.
Ontem, o presidente da Sabesp, Luiz Appolonio Neto, 45, em entrevista à Folha, revelou informações que contrariam os dados do Projeto Tietê.
Appolonio disse que a estação do ABC irá começar a operar com uma capacidade de apenas 1,5 m3 em vez dos 3 m3 anunciados pelo Projeto Tietê.
E mais: a estação de Barueri tem capacidade nominal de tratar 7 m3/s, mas só consegue operar 5 m3/s. A ociosidade deve-se ao fato de não haver rede de interceptores para levar o esgoto até a estação. Essa obra não estará pronta até o final do ano, afirmou.
Os novos índices revelam então que o Estado terá capacidade, no final do ano, e caso tudo corra bem com a estação do ABC, para tratar 6,5 m3/s, o equivalente a 100 ton/dia aproximadamente, e não 150 ton/dia.
Tomando-se como base o cálculo adotado pelo Projeto Tietê, seriam então 450 toneledas/dia e não 500. O que representaria cerca de 40% da carga orgânica total jogada no rio Tietê.

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