São Paulo, sábado, 13 de agosto de 1994
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Juro do crediário passa de 13%

FRANCISCA RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL

As compras a prazo parecem atraentes com a inflação baixa. Mas os juros do crediário ainda estão muito elevados, apesar de estar ocorrendo queda nominal das taxas desde a entrada do real.
Esta queda pode causar no consumidor menos avisado a ilusão de que as taxas estão baixas.
Há lojas que cobram até 13,5% ao mês. A menor taxa é de 3,5%. A previsão de inflação da Fipe para este mês, entretanto, se situa entre 1% e 2%.
As taxas estão elevadas porque grande parte do crédito ao consumo é encarecido pela tributação sobre o mercado financeiro, explica Rogério Bonfiglioli, vice-presidente da Acrefi (associação que reúne as financeiras).
"As operações de crédito direto ao consumidor embutem uma taxa de juro muito alta e o custo de um financiamento inclui cerca de 42% de impostos", diz Bonfiglioli.
A falsa idéia de redução no rendimento das aplicações financeiras –que baixaram de 50% para algo em torno dos 3% ao mês– tem estimulado o consumo, provocando o crescimento das vendas a prazo.
Com o real, o crediário voltou a ter maior participação no faturamento das lojas que bancam o financiamento próprio.
Apesar do incremento nas vendas a prazo, os empresários do comércio fazem questão de afirmar que não há explosão de consumo.
O que há, dizem, é uma migração das vendas à vista para o crediário.
Para Sergio Giorgetti, das lojas Ponto Frio, "ainda é cedo para falar em crescimento das vendas".
João Alberto Ianhez, diretor de relações públicas da Arapuã, concorda com a tese da migração e diz que o varejo ainda tem muito o que recuperar.
O crediário antes do Plano Real representava 30% das vendas da Arapuã. Hoje responde por 70%, diz Ianhez. Ele salienta que esse é o patamar normal no varejo de eletroeletrônicos e bens duráveis.
No Mappin, o crediário, que representava 18% das vendas antes do real, passou a responder por 45% –juntamente com os cartões.
Para Sergio Orciuolo, diretor de comunicação e promoções do Mappin, o crediário só vai crescer mesmo quando os juros caírem para 2% ao mês. "Assim, as lojas podem esticar os prazos", diz.
Na Mesbla, as vendas pelo crediário e cartão respondem por 50% do total. Segundo a assessoria da empresa, as inscrições para a aquisição do cartão Mesbla cresceram 106% em julho sobre junho.
Mas se o aumento das vendas a prazo ocorre no crediário próprio das lojas, o mesmo não acontece nas financeiras.
Alkindar de Toledo Ramos, presidente da Acrefi, diz que o volume de operações do setor caiu mais de 10% em julho. Estabilizou nesse patamar na primeira semana deste mês.
Ele diz que é grande a procura por crédito direto, mas os negócios estão semiparalisados. "As financeiras estão contingenciadas em suas operações pela dificuldade de captação de recursos e recolhimento compulsório sobre eles."

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