São Paulo, sábado, 13 de agosto de 1994 |
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Governo quer deter produtos chineses
LUCAS FIGUEIREDO
Governo, empresários e produtores agrícolas estão preocupados com a agressiva política de exportações da China. A avalanche de produtos "made in China" no Brasil vai desde calçados, passando por cadeados e alho, que chegam com preço até quatro vezes menor que os do mercado internacional. "O Brasil liberou seu mercado rápido demais, e o nosso ministério não tem estrutura para reagir aos abusos nas exportações ao Brasil", reconhece Álvares. Anteontem, representantes do setor calçadista levaram até Álvares um tênis chinês que tem preço de custo avaliado em US$ 1,00. "Eles estão dominando o mercado de calçados com preços até US$ 10,00", diz Horst Volko, da Abicalçados (Associação Brasileira da Indústria de Calçados). Os produtores de alho também estão apavorados. Em plena safra do produto, três navios chineses abarrotados com o alho estão sendo enviados para o Brasil. A carga pode abastecer o mercado durante três meses, e com custo menor. Segundo Álvares, o seu ministério não tem técnicos capazes de investigar o dumping praticado por outros países, nem mesmo montar processos consistentes para acionar o GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio). O dumping é uma prática comercial considerada desleal, pois através de incentivos fiscais e subsídios, empresas e governos conseguem vender produtos a preços mais baixos que os custos, eliminando concorrentes e conquistando fatias maiores de mercado. O governo vem sendo cauteloso ao combater as importações chinesas. Além de a China não participar do GATT –o que dificultaria uma punição–, o governo também pondera que a balança comercial entre os dois países é favorável ao Brasil. Uma representação formal contra a China poderia atrapalhar as exportações de café e bens de capital.(Lucas Figueiredo) Texto Anterior: A poupança, a Justiça e a verdade Próximo Texto: Pastor é preso por sonegação de ICMS Índice |
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