São Paulo, domingo, 14 de agosto de 1994 |
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'É duro imaginar que o sêmen não é seu'
AURELIANO BIANCARELLI
Anos atrás Heitor não sonhava com essa homenagem. Ele sofria de leucemia e aos 19 anos submeteu-se a um transplante de medula. Recuperou-se da doença mas deixou de produzir esperma. Foi a primeira coisa que contou quando começou a namorar a economista Leila. "Eu não podia criar expectativas", lembra. O então casal de namorados decidiu que mais tarde procuraria a ajuda de um banco de sêmen. "Determinamos que faríamos seis tentativas. Se Leila não ficasse grávida, então adotaríamos uma criança." Diogo só veio na nona tentativa, depois de o casal ter passado por duas outras clínicas. No total, foram 18 meses de expectativas, tensão, consultas e exames a um custo de R$ 2.500,00 por mês. Com a chegada de Diogo, o casal já pensa no segundo filho. "Agora estamos mais tranquilos. Com certeza teremos menos dificuldades", acredita Heitor. O empresário diz que o fato de valer-se do sêmen de outro não o fez sofrer. "A doença mudou minha vida. O fato de poder contar com um banco de sêmen foi uma felicidade." Esse é seu lado racional. Seu lado emocional não aceitou tão facilmente. "Quando minha mulher ficou grávida, eu tinha momentos de alegria e depressão. É duro você olhar uma barriga, saber que é o filho tão esperado e imaginar que o sêmen não é seu." Diogo lembra a mãe. Para Heitor, há um motivo importante para que a criança tenha alguma semelhança física com o casal. "Queremos ter a possibilidade de, no futuro, podermos contar ou não a ele. É uma decisão que agora não nos preocupa." Texto Anterior: Banco conta com menu de doadores Próximo Texto: 'Não penso como são meus filhos' Índice |
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