São Paulo, domingo, 14 de agosto de 1994 |
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Marido tem dificuldade de aceitar doador
AURELIANO BIANCARELLI
A observação é do presidente da Comissão Nacional de Ginecologia Psicossomática, Malcolm Montgomery, 43. "Para o homem, aceitar que sua mulher fique grávida com o sêmen de outro é reconhecer sua incapacidade de gerar. Para muitos, a fecundidade ainda está ligada ao conceito de virilidade e de masculinidade." Esterilidade nada tem a ver com performance sexual. Mas é assim que pode parecer quando amigos e parentes começam a cobrar pelo bebê que não vem. Montgomery é autor do livro "O Novo Pai, a Dimensão da Paternidade" e trabalha com casais estéreis. Segundo ele, o homem é quem mais precisa de ajuda. Muitos deles acabam perdendo a auto-estima e caindo em depressão. "Para aceitar o sêmen de um doador, o homem precisa superar um triângulo edipiano representado por ele, a mulher e o outro." O médico Nilson Donadio acha importante a ajuda psicológica para os casais. "Os pais precisam estar preparados para receber um filho que não se pareça com eles." Um dos seus pacientes, por exemplo, se angustia com a possibilidade de descobrirem que a filha nasceu de um doador. "A menina tem até o jeitinho do pai, mas ele não vê", diz o médico. Outro dilema dos pais é contar ou não a verdade ao filho. Montgomery acha que se deve contar. Moacir Costa, autor do livro "Sexo, Dilema do Homem", diz que "ainda há muito preconceito em se admitir um filho com o sêmen de outro."(AB) Texto Anterior: 'Não penso como são meus filhos' Próximo Texto: Ex-capitão da PM vira guerrilheiro no Peru Índice |
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