São Paulo, domingo, 14 de agosto de 1994
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"Uma faca basta para ele viver na mata"

DOS ENVIADOS ESPECIAIS

A polícia considera o ex-capitão Benedito de Oliveira um especialista em sobrevivência, combate e navegação (orientação) na selva para luta antiguerrilha.
Ele também possui experiência em técnicas de explosivos, construções de armadilhas feitas de espetos, gangorras e pesos (como as usadas pelos guerrilheiros vietcongs na guerra do Vietnã).
Essas informações são do tenente-coronel Alexandre Farrath que foi comandante de Benedito durante cinco anos no COE (Comando de Operações Especiais).
"Uma faca é suficiente para ele viver na mata. Com ela, o Benedito pode ficar indefinidamente na selva, principalmente se levar um pouco de sal, farinha e toucinho", disse Farrath.
Segundo ele, Benedito sabia identificar bichos pelas pegadas. Assim, caçava tatus e preás.
"Ele come raízes, brotos e samambaias. Sabe que plantas com espinho e 'leite' não são próprias para o consumo", disse.
O ex-capitão Benedito também tinha noções de primeiros-socorros e de infiltração e disfarce.
Mesmo após ter sido afastado do COE, Benedito era requistado pelos chefes dessa unidade da PM para que, temporariamente, repassasse essas técnicas para policiais durante treinamento na selva.
"Ele deu vários desses cursos a meu pedido", disse Farrath. O ex-capitão descia de helicópteros através de cordas e tinha noções de pára-quedismo.
No COE, Benedito costumava fazer exibições públicas para oficiais mais jovens, em que demostrava suas habilidades físicas.
O exercício mais comum era subir numa corda, de ponta-cabeça, com o corpo besuntado de óleo. "O Benedito era muito inteligente e adquiriu esses conhecimentos no dia-a-dia das operações na selva", afirmou o tenente-coronel.
Por suas habilidades e cumprimento de ordens, o ex-capitão ganhou a medalha "PM-Zito de 1º Grau", uma das mais altas condecorações da Polícia Militar.
"Uma de suas medalhas foi entregue pelo então governador Paulo Maluf", lembra Olímpia Soares de Araújo, sua ex-mulher.

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