São Paulo, domingo, 14 de agosto de 1994
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Menina morreu com cinco tiros

DOS ENVIADOS ESPECIAIS

Benedito de Oliveira foi condenado à revelia (sem sua presença no tribunal) a 31 anos e oito meses de prisão pelo Tribunal de Justiça Militar.
Ele era acusado do assassinato da menina Juliana Ribeiro Siqueira, 4, e de tentar matar a mãe da garota, Lucila Izaura Ribeiro Siqueira, 29.
Benedito também está sendo acusado de matar a dona-de-casa Cirlene Alves de Oliveira Souza.
Os dois crimes aconteceram no espaço de um mês em Ubatuba (SP). Cirlene foi encontrada morta às 20h de 26 de dezembro de 89. Em seu corpo havia projéteis de um revólver calibre 32.
No dia 23 de janeiro de 90, Benedito terminou a instrução de um treinamento de sobrevivência na selva para policiais do COE (Comando de Operações Especiais) e foi para Ubatuba.
Reuniu-se com três amigos. E, juntos, foram até a estrada de Itamambuca esperar por Lucila Izaura, de quem o ex-capitão Benedito se dizia amante.
Lucila saía de uma igreja da Assembléia de Deus acompanhada do marido e de outras 15 pessoas. Levava sua filha, Juliana, no colo.
Quando se aproximavam de casa, o ex-capitão e o ex-soldado Dirceu Pereira foram em direção ao grupo. Benedito sacou dois revólveres. O ex-soldado, um.
Os dois atiraram contra os fiéis. Sete balas acertaram Lucila e cinco, sua filha Juliana. Outras três pessoas também foram atingidas pelos disparos.
Benedito e seus amigos foram presos pela Corregedoria da PM. Ele assumiu o crime, mas disse que estava tentando marcar um encontro com Lucila, quando os homens do grupo tentaram agredi-lo.
A Justiça Militar não acolheu a versão de legítima defesa com a qual Benedito justificou o crime.
O soldado Dirceu Pereira foi condenado a 26 anos e quatro meses de prisão pela fuzilaria na estrada de Itamambuca.
Ele está no presídio militar Romão Gomes (zona norte de São Paulo). Os outros dois amigos que acompanhavam Benedito na hora do crime foram absolvidos.
Na época, a corregedoria apreendeu o revólver calibre 32 que estava com Benedito.
Após um teste, descobriu-se que uma das balas que mataram Cirlene um mês antes havia saído do mesmo revólver calibre 32.
A corregedoria também passou a investigar diversos outros casos em que o ex-capitão matou acusados e suspeitos de crimes em supostos tiroteios. "Meu irmão não dava trégua para bandido", disse Sebstião de Oliveira.
Por causa da investigação, Benedito teria jurado matar o comandante da Corregedoria da PM e atual subcomandante-geral da PM, coronel Luís Perine.
"Ele tinha consciência de que só sairia da cadeia quando estivesse com cerca de 60 anos. Por isso, ele resolveu fugir", disse o tenente-coronel Alexandre Farrath, que comandou Benedito.

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