São Paulo, domingo, 14 de agosto de 1994
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Encol investe US$ 3 mi ao ano na qualidade

DA REPORTAGEM LOCAL

A construtora Encol decidiu, em 87, investir US$ 3 milhões ao ano em programas de qualidade.
O resultado é visível: hoje a empresa é a maior construtora de edifícios do Brasil, com 500 obras em 50 cidades, frente às 100 obras em menos de 10 cidades que eram realizadas em 87.
A experiência foi analisada por Flávio Augusto Picchi, coordenador de garantia da qualidade da Encol, na palestra "A Melhoria da Produtividade na Construção Civil", realizada na Folha na última segunda-feira, dentro do ciclo "A Busca da Qualidade Total".
"O nosso setor, responsável por 7% do PIB e por mais de 1 milhão de empregos diretos, é um dos campeões do desperdício, que chega a 30% dos custos", afirma.
Segundo ele, do segmento de construção pesada de obras públicas sempre foi exigido mais qualidade. "Mas, na construção de edifícios, setor no qual a Encol atua, não havia essa exigência em 87, antes da onda da qualidade total chegar ao Brasil", afirmou.
Picchi diz que características estruturais do setor, como o fato de não haver produção em série e de a "linha de montagem ser nômade" também dificultam a adoção de programas de qualidade.
Segundo ele, uma dos principais dificuldades na busca da qualidade na Encol foram culturais. "O nosso setor sempre conviveu com baixa produtividade e tem uma certa inércia a mudanças."
Hoje, a situação é diferente. Com o mercado mais restrito, ganhos de produtividade são fundamentais para garantir preços mais baixos e condições mais favoráveis de pagamento aos clientes.
Um dos principais passos para a busca da produtividade e qualidade na Encol foi o detalhamento dos projetos que dão origem à obra.
"É nos projetos que nascem a maior parte das patologias, como infiltrações, por exemplo. Por isso, na Encol, antes de serem executados, os projetos precisam ser escritos e detalhados."
Segundo Picchi, hoje a incidência das infiltrações nas construções da empresa caiu quase a zero.
"E ficou provado aos nossos funcionários, pelo efeito demonstração, que também na construção civil custo menor e qualidade caminham juntos."
A Encol fez parcerias inéditas no setor com universidades e institutos de pesquisa, que elaboraram mais 160 normas técnicas internas que a empresa tem de seguir para atingir a qualidade, além das 250 já exigidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
"As normas da ABNT ainda são deficientes e precisávamos de mais parâmetros", afirmou Picchi.
A Encol, que é verticalizada e mantém um quadro fixo de mão-de-obra, conseguiu atingir rotatividade da força de trabalho de 2% ao mês, frente à média de 10% a 20% do setor de construção civil.
O absenteísmo no setor é de 16%, e na Encol, de 1,5%.
"Só com uma política adequada de recursos humanos, que gere motivação aos funcionários, podemos atingir a qualidade total".

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