São Paulo, domingo, 14 de agosto de 1994
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Lojas disputam consumidor mais exigente

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Grandes redes de lojas se armam para conquistar o novo consumidor brasileiro -mais exigente, pesquisador e intolerante com os preços altos.
A estratégia traçada rapidamente pelas lojas, passados 45 dias do real, vai de informatização dos serviços e treinamento de vendedores até lançamento de cartão de crédito próprio e mudança de "lay-out".
Tudo para atrair o cliente às lojas e facilitar a vida dele -seja numa compra à vista ou a prazo. O que os lojistas querem é vender.
A Arapuã, por exemplo, acaba de deslanchar um programa para informatizar suas 300 lojas até o final do ano. O investimento é de US$ 3 milhões.
João Alberto Ianhaez, diretor, informa que 25 lojas já estão informatizadas. Nelas, conta ele, uma venda a prazo é concluída em cinco minutos e, à vista, em 30 segundos. Antes, demorava 15 minutos e dois minutos, respectivamente.
"Temos que nos mexer para atender os novos 'fiscais' do real", diz Nina Bastos, diretora-executiva da Associação dos Lojistas da rua Oscar Freire, em São Paulo.
O comércio dessa rua atende especialmente os consumidores das classes A e B. "Eles também estão mais atentos aos preços e às formas de pagamento. Por isso, os lojistas reduziram margens e ampliaram prazos de pagamento."
O Ponto Frio decidiu treinar vendedores para que dêem aos clientes informações detalhadas sobre o uso dos produtos, as formas de pagamento e quanto os juros representam no valor da compra.
Também se estruturou para entregar mercadorias em 48 horas, no máximo. Nas lojas, decidiu expor os produtos de forma que o cliente possa conhecê-los antes de comprá-los.
"As informações técnicas estão agora aos olhos do consumidor", diz Sérgio Giorgetti, diretor. O Ponto Frio reforçou ainda o seu serviço de atendimento ao cliente.
O consumidor não tem mais fidelidade às marcas ou às lojas. Vai mesmo atrás dos melhores preços. Pensando nisso, as Lojas Americanas vão tentar trabalhar com preços baixos todos os dias.
Frederico Luz, diretor, diz que diariamente funcionários fazem levantamento de preços dos concorrentes. "A partir disso, tentamos vender entre 5% e 10% mais barato."
A Casa Centro é outra que decidiu trabalhar com preços "imbatíveis". Diretores da rede informam que, além disso, a empresa se arma para trabalhar com variedade de produtos e marcas e fazer entregas rápidas.
A Pakalolo também se mexeu. Antes do real, trabalhava só com venda à vista. Desde o início de agosto, parcela a venda em até cinco vezes e não cobra juros. E estuda lançar seu cartão próprio.
A Lojas Marisa considera-se naturalmente beneficiada pelo Plano Real porque vende produto popular. Dessa forma, a empresa ganhou confiança para se expandir.
Este ano vai abrir oito lojas ao todo. Em 1993 foram três apenas, informa Carlos Porto, gerente de marketing da empresa.

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