São Paulo, domingo, 14 de agosto de 1994
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Ri melhor quem ri por último

ALDO PELLICCIOTTI

Ri melhor quem ri por último. Esse dito popular tão conhecido poderia ser perfeitamente adaptado para o mundo da arquitetura e decoração. Eu o adaptaria da seguinte forma: quem se preocupa com o acabamento e sua qualidade já no início de seu projeto, ri melhor.
Por que ri melhor? Porque essa pessoa terá enorme chance de se considerar feliz com o produto final, a obra acabada.
Se você está construindo ou vai fazê-lo, lembre-se disso. Há economias que saem mais caro que investimentos. Um grande pecado da humanidade em toda sua história está em supervalorizar o desprezível e relegar o essencial a segundo plano.
Pense quantas vezes você e eu já fizemos isso. Cometemos esse erro tão frequente porque, no calor da batalha cotidiana que travamos na vida, temos dificuldade de olhar a longo prazo e nos atemos aos aspectos mais imediatos das questões. O resultado final, em muitos casos, é a constatação de que nos desviamos de nosso curso original ou até que não nos direcionamos para lugar algum.
Esse pequeno drama, que se aplica a todos nós de uma forma ou de outra, ocorre com facilidade na elaboração de uma obra. De repente nos vemos imersos desde o primeiro momento no projeto. Quando ele se aproxima do fim, os desgastes das batalhas anteriores já pesam e vão abalando o moral. O resultado é encarar a última etapa de maneira desmotivada, preocupando-se em não investir mais na construção e de concluí-la o quanto antes. Esse estado de espírito termina levando a problemas, afetando até mesmo a auto-estima do construtor, que termina por se deparar com uma obra mal acabada.
Vamos imaginar um nome lendário de nossa arquitetura, como por exemplo Lina Bo Bardi. Imagine se ela, ao construir sua casa, a famosa "Casa de Vidro" em São Paulo –que hoje abriga o Instituto Lina Bo e P.M. Bardi–, não tivesse pensado bem o planejamento de sua criação, principalmente seu acabamento, que é um dos maiores atrativos do projeto.
O acabamento, principalmente para o construtor não- profissional, é considerado muitas vezes "detalhe" de sua edificação. É aí que surge o perigo. Um planejamento que não leva isso em conta é um mau planejamento. A dor-de-cabeça vem depois. De nada adianta uma estrutura bem-concebida se a sua "embalagem" (acabamento) não for adequada.
Um ambiente agradável, mesmo que não "preparado" por um profissional especializado em técnicas psicológicas, já é uma verdadeira terapia contra o mundo conturbado, estressante e confuso que vivemos.
Um acabamento de qualidade dá dignidade ao ambiente, ajudando a proporcionar o bem-estar necessário para torná-lo agradável. Ou não. A diferença entre o mal-estar e o bem-estar fica na adequação dos materiais selecionados. Quanto maior a durabilidade e beleza dos produtos, maior o bem-estar e, consequentemente, melhor a auto-estima do seu usuário. Não se esqueça de rir por último ao completar sua obra.

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