São Paulo, domingo, 14 de agosto de 1994
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A ética universal de Sartre

MANUEL DA COSTA PINTO
DA REDAÇÃO

"Em Defesa dos Intelectuais", livro de Sartre que está sendo lançado pela Ática, é o exemplo de uma filosofia que ainda se queria universal em plena era do desconstrucionismo estruturalista.
O livro reúne três conferências proferidas por Sartre no Japão, em 1965. Seu conteúdo manifesto é a tentativa de justificar o engajamento político do intelectual.
Mas o que chama a atenção é como ele generaliza problemas éticos e epistemológicos: Sartre está em Tóquio e Quioto –mas poderia estar em São Paulo ou Argel.
Em suas exposições, o intelectual aparece, sucessivamente, como o defensor de um saber totalitário e mítico (quando ligado ao clero), como ideólogo de liberdades formais (o iluminismo burguês), ou como aquele –louvado por Sartre– que se reconhece um produto da história, abrindo o pensamento para a transformação das relações de produção.
Essa tipologia explicita afinidades com o marxismo. Subsiste nas palavras do existencialista, porém, uma noção abstrata –embora não idealista– de responsabilidade. E é através dela que Sartre advoga uma ética que, por depender da vontade do intelectual, pode ser a um tempo histórica e universal.

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