São Paulo, domingo, 14 de agosto de 1994
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Economia será cabo eleitoral de Zedillo

OSCAR PILAGALLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de ameaçar canalizar votos para a oposição, a economia mexicana se recompôs nos últimos meses e hoje, a uma semana do pleito geral, é importante cabo eleitoral do partido do governo.
Não que o candidato oficial, Ernesto Zedillo, precisasse de algo além do apoio do PRI (Partido Revolucionário Institucional) para se eleger presidente. Afinal, a história se repete há 65 anos.
Mas um empurrão dado por estatísticas favoráveis não será nada desprezível para garantir uma margem mais folgada na provável vitória do governo no próximo domingo, dia 21.
A instabilidade política que marcou o primeiro semestre quase inverteu o sentido da curva ascendente que a economia começava a esboçar no início do ano.
Primeiro foi a rebelião zapatista, em janeiro, que mal deu tempo ao governo para comemorar o Nafta –o acordo de livre comércio com Estados Unidos e Canadá que acabara de ser ratificado.
Três meses depois, o candidato oficial, Luis Donaldo Colosio, era assassinado, lançando dúvidas sobre a capacidade do governo de controlar a violência política.
Os dois episódios jogaram para baixo a Bolsa de Valores da Cidade do México. Os investidores estrangeiros se retraíram, os consumidores perderam a confiança na economia e os poupadores passaram a exigir juros mais altos para compensar o risco de emprestar a um governo em dificuldades.
Os problemas estão longe de terem sido solucionados –o assassinato de Colosio ainda nem foi esclarecido–, mas o fato é que eles deixaram de influenciar decisivamente a economia.
Termômetro das expectativas dos poderosos, a Bolsa de Valores voltou a subir recentemente. Na primeira semana de agosto, por exemplo, fechou em alta de 5,8%, em dólar, ficando na média da valorização da América Latina, segundo a Baring Securities, uma corretora norte-americana.
A alta do mercado acionário deveu-se tanto à queda dos juros, sinalizando mais crescimento econômico, quanto ao otimismo dos empresários diante de previsões da vitória de Zedillo.
A atitude dos empresários se explica pela conversão do PRI que, de estatista histórico, passou a defensor da livre iniciativa, o que ficou demonstrado com o Nafta.
O ministro da Fazenda, Pedro Aspe –cotado, aliás, para continuar no cargo na próxima administração–, acredita numa expansão de 2% a 3% este ano, depois do fiasco de 0,5% no primeiro trimestre, que se seguiu à recessão da segunda metade do ano passado.
A Morgan Stanley, outra corretora norte-americana, endossa a projeção oficial e prevê juros ainda menores a partir de setembro. Com isso, o PIB (Produto Interno Bruto, toda riqueza que o país gera no ano) cresceria 4,5% em 95 –e com uma inflação que permaneceria abaixo dos dois dígitos.
O assassinato de Colosio, em fins de março, parece ter coincidido com o fundo do poço da crise econômica. Desde abril, os resultados têm superado as mais otimistas expectativas.
No segundo trimestre, o lucro das 42 empresas monitoradas pela Baring cresceu 16%, em média, em comparação aos 12% dos primeiros três meses. E as vendas aceleraram 8% (alta de 6% até o mês de março).

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