São Paulo, domingo, 14 de agosto de 1994
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Porre eleitoral

LUIZ CAVERSAN

RIO DE JANEIRO – Pelo menos na disputa pelo governo do Estado do Rio de Janeiro, este martírio que é o programa eleitoral gratuito aparentemente não significa nada. Por enquanto, ao menos.
Basta aferir os números da pesquisa Datafolha publicada ontem. Cada candidato encontra-se onde sempre esteve.
Há apenas irrelevante oscilações: os dois primeiros colocados subiram um ponto percentual em relação à pesquisa realizada antes do início dos programas nas rádios e TVs. E o terceiro colocado caiu também um ponto.
Marcello Alencar (PSDB), o primeiro, subiu de 31% para 32%. Anthony Garotinho (PDT), o segundo, foi de 18% para 19%. E o terceiro, Jorge Bittar (PT), desceu um degrau, de 14% para 13%.
Dentre os demais candidatos, dois aspectos a destacar:
1. O ator Milton Gonçalves caiu dos 7% que mantinha nas últimas três pesquisas para 6%. Justo ele que, como ator, deveria arrasar na TV. Mas como o próprio Milton repete todos os dias em seu programa, "atores são os outros".
2. O general da reserva e ex-chefe do Serviço Nacional de Informações, Newton Cruz, está encontrando surpreendente respaldo para seu discurso radical contra a violência. Diz que vai fazer e acontecer contra a bandidagem e já é o segundo colocado em uma faixa de pesquisados muito especial, que é aquela foramada pelos eleitores com formação universitária.
Talvez até prevendo a ineficácia dos programas políticos, um cadidato a deputado federal buscou formas alternativas de conquistar a simpatia –e o voto– da população de Três Rios, no interior do Estado.
Sensível às preferências etílicas da região, patrocinou um "festival da cachaça". Até agora está difícil para ele contabilizar os dividendos políticos adquiridos com tal empreitada.
O motivo é simples: ao final do festival, além do porre generalizado, nada menos que oito potenciais eleitores entraram em coma alcoólico.
Será difícil para eles lembrar em quem devem votar.

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