São Paulo, domingo, 14 de agosto de 1994
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O inferno, muito além do ciúme

FERNANDA SCALZO

Em francês, o filme chama-se "O Inferno". O título em português, "Ciúme - O Inferno do Amor Possessivo", tira a força do que vive Paul (François Cluzet) com sua mulher Nelly (Emmanuelle Béart). O que ele sente passa muito o que se convencionou chamar "ciúme". É uma "paranóia do inferno".
O diretor francês Claude Chabrol ("Assunto de Mulheres", "Madame Bovary") vê seu personagem com o olho clínico com que se olha um doente. E leva o espectador para dentro de sua cabeça, para descobrir ali como se constrói o inferno.
Administrador do melhor hotel e marido da mulher mais linda da região, Paul transforma-se num condenado pela própria felicidade. O que ele sente deixa de ser o tal "ciúme", na medida em que cada vez menos os fatos importam no desenvolvimento da paranóia.
Paul faz, na cabeça, o seu cinema. E Chabrol demonstra como os sentimentos podem ser estereotipados. Nas cenas e diálogos criados nos delírios de Paul, sua mulher Nelly é uma atriz canastrona, o protótipo da "mulher vagabunda".
Quando o filme registra o "real" uma amibiguidade atroz invade a tela. Chabrol faz o espectador entrar, feliz, com Paul no inferno.
Ciúme - O Inferno do Amor Possessivo (L'Enfer). França, 1994. Direção de Claude Chabrol. Com Emmanuelle Béart, François Cluzet. Estréia prevista para sexta, 19. Salas e horários a confirmar.

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