São Paulo, domingo, 14 de agosto de 1994
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VERA NÃO EXISTE

É impossível possuir Vera Fischer, por alguns momentos que sejam. O ator Perry Salles, seu primeiro marido, tentou por 16 anos –hoje vive recluso em Trancoso, na Bahia. O ator Felipe Camargo, o atual, tenta há sete anos –só Deus e a imprensa sabem o que ele passa. A reportagem da Revista da Folha tentou, em vão, há duas semanas.
Vera marcou e desmarcou entrevistas, atendeu repórter e fotógrafa por uma dezena de vezes ao telefone de onde mora, uma confortável casa alugada em São Conrado, e no dia finalmente combinado esqueceu tudo. "Quem são vocês mesmo?", disse, deusa. Era a vez do papel "difusa". Dissipado o lapso de memória, a atriz falou bastante, não evitou nenhum assunto (o affair com Collor, a fase tumultuada de seu casamento com Camargo, drogas, concessões sexuais), fez fotos.
Tudo se deu nos corredores cariocas dos estúdios Tycoon, da Rede Globo, divisa da Barra com lugar-nenhum. Nas cadeiras de espera da porta do estúdio "B", gripadíssima, Vera Fischer comeu misto-quente, tomou suco de laranja, vestiu uma camisa de patchwork transparente (muito transparente), colocou pantalonas de seda listrada, depois trocou por um fusô preto, enfim... Fez o que quis. Quem quisesse que a acompanhasse e retirasse daí uma parcela de sua vida.
Observando a cena, pregado na parede, pairava um xerox do artigo de Arnaldo Jabor sobre "Pátria Minha", publicado na Folha em julho último. Acima, a observação, à mão: "Parabéns a todos. Sem exceção. Dênis". Vera pára e encara o papel por uns momentos. No fundo, sabe que a mensagem do diretor Dênis Carvalho (o homem à frente da novela) se dirige em grande parte a ela.
A atriz aceitou o papel oferecido por Gilberto Braga "porque tinha cansado de fazer sempre a boa". Tem dado certo. "O Ibope é alto porque a novela fala do patriotismo vigente", diz ela. "Desde a época do impeachment do Collor o país vive essa carência, o clima é de brasilidade." Para ela, sua personagem coloca os dedos nas feridas. "É bom que as pessoas comentem esse aspecto da novela, mesmo a novela sendo mentira", define.
Desde a época de Collor, dizia-se. Vera Fischer teve sua própria época de Fernando Collor. Antes da Presidência. Ela era a miss recém-chegada ao Rio, ele, um "rapaz da alta sociedade", como disse à revista "Playboy" em 1981. Tiveram um relacionamento de algumas semanas. Ela só sabia que era "um Fernando qualquer, um cara cabeludo", como disse à revista "Marie Claire" em 1991. Ele sumiu. Depois, ela leu no jornal que o rapaz se casaria com uma socialite. Sentiu-se rejeitada. "É tudo verdade, mas é chato falar disso hoje", lembra.
Chato falar disso hoje, para ela, também é a fase tumultuada de sua relação com o ator Felipe Camargo. O começo se deu na novela "Mandala", em 1988, e foi regado a tapas e beijos. "Ele é leonino, eu sou sagitariana, dois fogos, somos muito ciumentos", admite. "Mas a relação está mais serena." Tão serena que rendeu um filho, Gabriel, de 1 ano. "Como poderia haver um bebê numa casa sem harmonia?", prova ela. É a "mãe" tomando assento.

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