São Paulo, terça-feira, 16 de agosto de 1994 |
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Governo fixa cronograma para influenciar o resultado da eleição XICO SÁ XICO SÁ; SÔNIA MOSSRI
O ministro apóia o candidato do PSDB à Presidência, Fernando Henrique Cardoso. O comunicado é uma convocação ao "Comitê MME (Ministério das Minas e Energia", órgão responsável pela avaliação dos projetos do governo. No texto, do dia 2 deste mês, o ministro conclama o seu secretário-executivo e o chefe de gabinete, Heitor Chagas Oliveira, a "rever/prever grandes eventos da pasta até as eleições". O ministro reconheceu como autêntico este comunicado. Segundo Alexis Stepanenko, "é lamentável" que o documento tenha sido "surrupiado". Outro comunicado, de conteúdo mais veemente, teria sido enviado também pelo ministro ao seu secretário-executivo e ao secretário nacional de Energia, Peter Greiner, no dia 28 do mês passado. Em forma de bilhete, o texto informa que o ministro determinou que a usina hidrelétrica de Xingó seja inaugurada antes das eleições, mesmo diante de alegações de dificuldade financeiras apresentadas pela Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco). "Hoje fui procurado pelo Sergio (Moreira, presidente da Chesf) que disse que a Chesf está sem caixa e que não pode assegurar a inauguração de Xingó", informa o texto. No trecho seguinte, relata que o ministro havia dado "carta branca" para que o presidente da Eletrobrás (estatal que controla a Chesf), José Luis Alqueres, possa até "intervir" na Chesf e garantir a inauguração. Em entrevista à Folha na tarde de sexta-feira, Delcídio Gomez reconheceu ter recebido memorando do ministro determinando a inauguração de Xingó antes das eleições. Após descobrir que o memorando não tinha a assinatura do ministro, Gomez tentou negar a existência do texto. Stepanenko negou a existência deste documento. Disse que era uma "manobra" para "comprometer a candidatura do senador Fernando Henrique Cardoso". O presidente da Eletrobrás, citado neste documento, confirmou que hidrelétrica de Xingó será posta para funcionar no próximo mês. "Realmente, em meados de setembro começará a funcionar a primeira máquina da usina", disse. Segundo Alqueres, o prazo está dentro da cronograma previsto pelo governo federal, independentemente de eleições. A Folha apurou junto a funcionários da sede da Chesf, em Recife, que a diretoria da estatal havia mesmo comunicado ao Ministério de Minas e Energia que enfrentava dificuldades financeiras que impediriam a inauguração de Xingó. A usina de Xingó está situada na divisa dos Estados de Alagoas e Sergipe. Funcionará movida pelas águas do Rio São Francisco. A obra foi uma das mais questionadas durante o governo Collor (1990-92), sob a acusação de superfaturamento. Colaborou SÔNIA MOSSRI, da Sucursal de Brasília Próximo Texto: Ministro diz ser patrulhado Índice |
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