São Paulo, terça-feira, 16 de agosto de 1994
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Ministro diz ser patrulhado

XICO SÁ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA E DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro das Minas e Energia, Alexis Stepanenko, considera que está sendo "patrulhado" por apoiar abertamente a candidatura de Fernando Henrique Cardoso.
O ministro reconhece a autenticidade de apenas um dos dois documentos obtidos pela Folha –o comunicado enviado ao secretário-executivo do Ministério, Delcídio Gomez, e ao seu chefe de gabinete, Heitor Chagas Oliveira.
No comunicado, o ministro conclama os seus assessores a "rever/prever grandes eventos até as eleições".
"É lamentável, finalmente, que um documento interno e rotineiro a dois assessores, como o que trata da convocação do Comitê MME (Ministério das Minas e Energia), tenha sido surrupiado", diz o Stepanenko.
O outro documento, no qual é cobrada a inauguração de Xingó, é classificado pelo ministro como apócrifo (sem autenticidade).
"É uma manobra suja, flagrantemente desonesta e de má-fé, oriunda possivelmente de corporativistas ou daqueles que visam comprometer a candidatura do senador Fernando Henrique Cardoso", disse o ministro.
O ministro informa que, "como cidadão", já declarou o seu apoio ao candidato Fernando Henrique, mas como ministro jamais teria envolvido a máquina pública em campanhas eleitorais.
Depois de ouvir da Folha que o secretário-executivo havia reconhecido ter recebido o documento sobre a inauguração de Xingó, Stepanenko afirmou: "Ele pode ter até recebido, mas não tem minha assinatura".
Há mais de um mês, Stepanenko visitou o comitê de FHC em Brasília. Na ocasião, afirmou que contribuiria com a sua experiência em marketing político para a campanha.
Memorando
O secretário-executivo do ministério, Delcídio Gomez, reconheceu ter recebido memorando do ministro Alexis Stepanenko determinando a inauguração da hidrelétrica de Xingó antes das eleições.
"Respondo apenas pela parte técnica. A parte política você pergunta ao ministro Stepanenko", observou o secretário-executivo.
Segundo Delcídio, o ministro expediu o memorando porque o presidente da Chesf, Sérgio Moreira, enfrentou dificuldades financeiras na estatal.
Ele alega que os recursos que seriam para a conclusão de Xingó acabaram destinados ao pagamento de parte da dívida externa da Chesf.
Segundo Delcídio, sem isto, a Chesf teria os créditos externos cortados.
Posteriormente, Gomez tentou negar a existência do documento após se certificar com a própria Folha de que o memorando sobre Xingó não tem a assinatura do ministro, apenas o seu nome registrado.

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