São Paulo, terça-feira, 16 de agosto de 1994
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FHC não vai a debate da Bandeirantes

EMANUEL NERI ; AMÉRICO MARTINS; FERNANDO BARROS E SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

Agora que está liderando as pesquisas eleitorais para presidente da República, Fernando Henrique Cardoso (PSDB) vai restringir sua participação em debates eleitorais.
O candidato desistiu de participar do debate marcado para as 22h30 de hoje na Rede Bandeirantes. FHC teme virar o principal alvo dos outros concorrentes.
O principal adversário de FHC, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), confirmou que vai participar do programa. Lula afirmou ontem que todos os candidatos têm "obrigação" de comparecer ao debate.
Foi o próprio FHC quem comunicou sua decisão na manhã de ontem. Ele informou que vai hoje à tarde a Brasília para se reunir com o comando da campanha.
A decisão de FHC é semelhante à adotada por Fernando Collor na eleição de 1989. Na eleição para prefeito de São Paulo, em 1985, Jânio Quadros também evitou debates.
Na época, a decisão de Jânio foi duramente condenada por FHC, que disputava a eleição pelo PMDB e foi derrotado.
Lula aproveitou a semelhança para criticar o tucano. Segundo ele, FHC "já adotou a metodologia do Collor de fazer política".
Para Lula, o candidato tucano está "fugindo da responsabilidade" de explicar o que os petistas classificam de "contradições" entre as suas promessas as suas realizações no Ministério da Fazenda.
Ontem, Lula aumentou ainda mais o tom dos ataques ao tucano. Ao comentar a possibilidade de ser derrotado ainda no primeiro turno, o petista afirmou que "quem vai com muita sede ao pote pode morrer de sede" e acrescentou: "Ele (FHC) poderá morrer com a boca cheia de formigas".
A participação de FHC no debate havia sido acertada entre a direção da TV Bandeirantes e Fernando Guedes, asessor do PSDB para a área de TV.
A Folha apurou que o próprio Guedes atribuiu a ausência do candidato à nova posição nas pesquisas. Ele disse à direção da Bandeirantes que discordava da decisão, mas que tinha sido voto vencido.
O empresário Sérgio Motta, do comando da campanha, é favorável à participação em debates apenas no segundo turno. Domingo à noite, ele se reuniu com FHC para convencê-lo a desistir do debate.
FHC disse ontem que os debates "igualam os que são desiguais". Para ele, os debates não têm "importância popular e política" e servem só para "passar o tempo".
Em nota distribuída em Brasília, o comando da campanha diz que FHC "considera essencial a realização de debates", mas que, "por dificuldades de agenda", comparecerá apenas aos que forem realizados nos dias 12 e 26 de setembro".

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