São Paulo, terça-feira, 16 de agosto de 1994
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TRE dá direito de resposta ao PT em capa da "IstoÉ"; revista vai recorrer

CLÓVIS ROSSI
DA REPORTAGEM LOCAL

O juiz Celso José Pimentel, do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de São Paulo, concedeu ontem direito de resposta ao PT em relação a uma reportagem de capa da revista "IstoÉ".
No número 1.279, que foi às bancas no final da semana retrasada, a revista acusava: "O PT usa o doleiro de Collor", referindo-se a Najum Turner, responsável pela chamada "Operação Uruguai".
Na sentença emitida ontem, o juiz do TRE paulista afirma: "Depósito de Najum Turner na conta do PT houve mesmo, tal como o comprovam os documentos da capa e da reportagem".
Mas, em seguida, a sentença diz que "isto, porém, não significa que o PT usou o doleiro de Collor, na linguagem da revista".
Celso José Pimentel acrescenta: "Trata-se de ilação distorcida e infundada (...), desmentida pelo conteúdo da própria reportagem, que se limita a alinhar declarações atribuídas a Turner, e por ele negadas, sem nada de concreto trazer a credenciar a denúncia".
A direção da revista decidiu ontem entrar com recurso junto ao próprio TRE contra a sentença do juiz. Decidiu igualmente impetrar mandado de segurança para evitar o cumprimento da sentença até que o recurso seja julgado.
A direção da revista divulgou nota em que afirma que a sentença "configura um grave atentado à liberdade de imprensa e um cerceamento à missão da imprensa".
Esboço de resposta
O juiz eleitoral considerou que o conjunto de informações divulgado pela revista (capa, editorial e reportagem) "atinge a reputação do partido, caracterizando calúnia e difamação".
Por isso mesmo, o juiz determinou que a revista acolha direito de resposta com o mesmo formato da publicação agora apontada como caluniosa, ou seja, a capa da próxima edição de "IstoÉ", o editorial e o espaço de cinco páginas.
Mas o esboço de resposta apresentado pelo PT foi parcialmente vetado pelo juiz na própria sentença em que dá o direito ao partido.
"O esboço de reportagem e o do editorial também contêm trechos que excedem à resposta e, sem base sólida, acabam por ofender a revista e por atingir pessoas que não participaram do episódio, como o candidato Orestes Quércia e o governador do Estado de São Paulo, Fleury Filho", diz a sentença.
Ocorre que o PT, no esboço apresentado à Justiça Eleitoral, usou o que Celso José Pimentel qualifica de "boatos" para indicar uma associação entre personalidades da vida pública e a revista.
Em termos concretos, o PT tenta estabelecer um vínculo direto entre Quércia, Fleury e a revista.
O TRE informou que a resposta terá que se limitar estritamente ao caso Najum Turner. Ou seja, o PT não poderá aproveitar o espaço para fazer acusações ou propaganda.

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