São Paulo, terça-feira, 16 de agosto de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sim aos profissionais

FÁBIO SORMANI
DEU A LÓGICA.

À exceção do técnico chinês, que absurdamente apostou na Croácia diante do "Dream Team 2" –Croácia, aliás, que nem sequer chegou à decisão–, todo ser normal que acompanha o basquete sabia que os EUA iriam ficar com a medalha de ouro.
A vitória dos norte-americanos, todavia, provocou reclamações em muitos chorões. A principal delas: a Fiba (entidade que rege o basquete no mundo, exceto na NBA) deveria proibir a presença de profissionais em suas competições –leia-se Jogos Olímpicos, Pan-Americanos e Campeonatos Mundiais.
Se a Fiba um dia tomar esta decisão, ela tem que valer para todos, porque não são apenas os EUA que contam com jogadores profissionais. Ou será que os estrangeiros que atuam na NBA não contam? Itália, Espanha e Grécia também teriam que ser penalizados, porque esses países promovem os melhores campeonatos na Europa, cujos times pagam verdadeiras fortunas por seus jogadores, todos profissionais.
Não são poucos os ex-craques da NBA que atuam na Europa. Richard Dumas, aquele ala do Phoenix Suns, suspenso indefinidamente da NBA por ter se envolvido com drogas, estará jogando a próxima temporada na Grécia –com autorização da NBA, que pensa em recuperá-lo. Craig Hodges, bicampeão com o Chicago Bulls, está na Itália.
O nosso Oscar Schmidt, que inexplicavelmente não foi convocado para este Mundial, vive há mais de uma década na Europa às custas do basquete. Ou seja: é profissional também. E por aí vai.
Mas o que não dá para entender é a postura dessas pessoas. Por que eliminar os profissionais dos EUA. O que eles fazem em quadra não é jogar basquete? Ou será que eles realizam um misto de basquete com full-contact?
Claro que não. Eles jogam basquete mesmo. Por isso, que os outros países tratem de se aperfeiçoar para um dia pensar em vencer os profissionais da NBA.
O técnico da Rússia, Sergei Belov, depois da final de domingo, declarou o seguinte, sem despeito algum: "Jogar contra os profissionais dos EUA é muito importante para o progresso do basquete. Quanto maior o intercâmbio com os jogadores da NBA, melhor será para o basquete".
Perfeito. Belov olha para frente e não para trás.

Texto Anterior: O futebol jamais vai ser como o basquete
Próximo Texto: Notas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.