São Paulo, terça-feira, 16 de agosto de 1994
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Fome de cultura

Já se tornou um lugar-comum dizer que o povo brasileiro é ignorante e não se interessa por aprender mais. É mais do que óbvio que os índices nacionais de escolarização deixam muito a desejar, que as taxas de analfabetismo são escandalosamente vergonhosas e que não existe nenhuma –é bom repetir, nenhuma– chance de o Brasil entrar com o pé direito no próximo milênio se não forem feitos importantes esforços no sentido de melhorar a escola pública.
Ainda assim, é injusto dizer que a população, pelo menos nas camadas sociais um pouco mais favorecidas, não se interessa por aprender mais. Como o mostra o sucesso de vendas da última edição dominical desta Folha, que presenteava o leitor com o primeiro dos 19 fascículos de um atlas geográfico atualizado, uma boa parcela da população interessa-se sim, e muito, por consumir obras de referência, ou seja, livros que, se bem utilizados, aumentam o nível de cultura geral do consulente e lhe permitem assimilar informações que, de outra forma, não compreenderiam.
E, ao que tudo indica, o consumo de obras de consulta só não é maior no Brasil devido a seu alto preço. Com efeito, um atlas de tamanho médio, no exterior, sai por US$ 30,00, pouco menos da metade do salário mínimo. Uma boa enciclopédia, como a Mirador, por exemplo, custa, em sua edição menos luxuosa, cerca de US$ 1.400, mais ou menos a metade da renda per capita anual do brasileiro.
De todo modo, como a procura pelo atlas bem o evidenciou, existe no Brasil uma excelente demanda por obras como a que esta Folha ofereceu a seus leitores, desde que elas tenham alta qualidade e preço acessível. No mundo moderno, a principal mola propulsora da prosperidade de um país é o conhecimento. E este reside em grande medida nos livros.

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