São Paulo, quarta-feira, 17 de agosto de 1994 |
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Marsalis se apresenta hoje no Municipal
EDSON FRANCO
Os ingressos para a apersentação do Municipal já estão esgotados. Sexta-feira, Marsalis vai fazer um show extra no Bourbon Street. O repertório do show deve ter como base o CD duplo "In This House, On This Morning" (Sony Music), último do músico, lançado em maio deste ano. Em entrevista coletiva concedida na semana passada, Marsalis não confirmou as músicas que irá tocar. Mas é pouco provável que sejam muito diferentes daquelas apresentadas durante suas apresentações no Festival de Jazz de Montreaux. Na maioria, extraídas do último trabalho. O disco foi gravado em duas apresentações ao vivo feitas em maio de 92 e março de 93. As músicas procuram retratar a espontaneidade do canto religioso das igrejas afro-americanas. Marsalis consegue um enfoque original ao cruzar este canto com os corais de Bach. Para ajudar o trompetista a mostrar esta espécie de gospel erudito no Brasil estão escalados Wycliffe Gordon (trombone), Eric Reed (piano), Herlin Riley (bateria), Wessel Anderson e Victor Goines (saxofones) e Benjamin Wolfe (baixo). Ao justificar a escolha da temática do disco, Marsalis diz que a religiosidade sempre esteve presente em sua música e que poderia ter gravado um trabalho como este há sete anos. "Sempre procurei agregar os aspectos profanos e eclesiásticos na minha música. Nela convivem a igreja e o prostíbulo." Pouco interessado em inovações, o ex-garoto prodígio do jazz continua defendendo a tradição no estilo. Começou a trilhar este caminho com a trilogia "Soul Gestures in Southern Blue" de 85. Nela o músico mergulhou nas raízes da música negra americana e emergiu com uma leitura complexa de harmonias simples. No excelente CD (também duplo) "City Movements" de 91, Marsalis revelou tudo o que pode fazer quando pilota arranjos para sete instrumentos. E levou seu jazz até a origem da própria música, quando o homem tentava com instrumentos reproduzir os sons da natureza. No caso do disco, os sons da cidade. O trompetista vai ficar em São Paulo até o próximo fim-de-semana. A empresa que produziu os shows está tentando organizar "jam sessions" reunindo Marsalis e músicos brasileiros. O trompetista reconhece que sabe pouco sobre a música daqui. "Tenho um amigo que está aprendendo capoeira e está me dando algumas lições de samba." Mesmo assim, Marsalis fala que a música brasileira é das que têm as mais ricas e belas progressões harmônicas. "Além de ser extremamente rítmica." Quanto ao seu futuro e ao do jazz, o músico é otimista. "Quando surgiram os relógios digitais, muitos apostaram no fim dos analógicos. Mas eles voltaram a ser maioria hoje. A mesma relação vale para comparar música eletrônica com jazz", conclui. Show: Wynton Marsalis e septeto Onde: Teatro Municipal de São Paulo (praça Ramos de Azevedo, s/nº, Centro, tel.: 011/222-8968), Ingressos esgotados Show extra: Wynton Marsalis e sepeteto Onde: Bourbon Street Music Club (rua dos Chanés, 127, Moema, zona sul, tel.: 011/542-1927) Quando: sexta-feira (19), às 22h Quanto: R$ 60, R$ 45 e R$ 25 Texto Anterior: Bandejão; Porta-giratória Próximo Texto: Renata Melo estréia espetáculo sobre 'a rainha do cangaço' Maria Bonita Índice |
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