São Paulo, quarta-feira, 17 de agosto de 1994
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Renata Melo estréia espetáculo sobre 'a rainha do cangaço' Maria Bonita

ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Renata Melo estréia espetáculo sobre'a rainha do cangaço' Maria Bonita
Espetáculo: Bonita Lampião
Direção: Renata Melo
Quando: estréia hoje; até 4 de setembro; de quartas a sábados, às 21 horas, domingos, às 19 horas
Onde: Teatro Sérgio Cardoso (r. Rui Barbosa, 153, tel. 011/288-0136)
Quanto: R$ 7,00

Maria Bonita, a nordestina que no final da década de 20 abandonou o marido sapateiro para se unir ao bandido Lampião e se transformar na rainha do cangaço, é o tema do espetáculo de dança de Renata Melo, que estréia hoje no Teatro Sérgio Cardoso.
"Bonita Lampião", com uma hora de duração, é resultado de três anos de pesquisa de Renata, que conseguiu viabilizar seu projeto através de uma bolsa da Fundação Vitae, obtida em 1993.
"A história de Maria Bonita e Lampião me causa grande impressão, especialmente a obstinação dela por esse homem mitológico, misto de bandido e herói", diz Renata. "Eles conviveram durante dez anos e morreram juntos, ele com 40, ela com 28 anos."
Além de estudos teóricos, Renata foi buscar informações no sertão de Pernambuco, onde o casal viveu. Tentando reviver a trilha do cangaço, atravessou a caatinga, chegando a Serra Talhada, onde nasceu Lampião. Depois, alcançou o acampamento onde Maria Bonita, Lampião e seu bando foram mortos pela polícia, em 1938.
Abarrotando de anotações um caderno de 500 folhas, Renata também gravou tudo que ouviu –de entrevistas feitas com o povo do Nordeste até missas, canções de cantadores de rua, sons de procissões e lojinhas de discos.
Detalhes importantes vieram de dona Sila, apelido de Sérgia Ribeiro, ex-cangaceira que hoje vive em São Paulo. Nascida em Sergipe, ela é viúva de Zé Sereno, um dos chefes de grupo de Lampião.
"Dona Sila chegou a me costurar uma roupa, do jeito que ela fazia para as cangaceiras", comenta Renata. "Ao longo da pesquisa foi possível observar que a entrada da mulher no cangaço marcou uma nova fase: surgiram as roupas adornadas e coloridas e os homens tornaram-se menos violentos."
Com a ajuda de Vivien Buckup, assistente de direção e coreografia, Renata procurou fazer de "Bonita Lampião" um espetáculo que transforma em dança moderna a gestualidade rude dos homens e mulheres nordestinos.
"Requestionamos o conceito convencional de dança porque utilizamos também falas". Autora do roteiro, da direção e da coreografia, Renata interpreta Maria Bonita ao lado do ator Plínio Soares, no papel de Lampião.
O cenário e os figurinos são de Daniela Thomas, que se inspirou na ingenuidade em extinção da arte popular.

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