São Paulo, quarta-feira, 17 de agosto de 1994 |
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França vai processar o Chacal por mais crimes
ANDRÉ LAHOZ
Após o depoimento prestado ao juiz Jean-Louis Bruguière, voltou à prisão parisiense de La Santé. Carlos, nascido Illich Ramírez Sánchez na Venezuela há 44 anos, está atualmente sendo julgado por um crime: o atentado da rua Marbeuf, ocorrido em 1982, que matou uma pessoa e feriu outras 63. Carlos deve ainda ser ouvido em breve pelo assassinato de três pessoas (entre elas, dois policiais franceses) ocorrido em 1975. Por esse crime, foi condenado na França à prisão perpétua em 1992. "Os outros crimes serão julgados no futuro, mas esses dois são para já", disse ontem à Folha Florance Cauhepe, do Ministério da Justiça francês. Carlos poderá mesmo ser julgado em outros países, como Reino Unido, Áustria ou Alemanha. Ele é acusado pela morte de pelo menos 83 pessoas e de ter ferido outras 200. O Chacal chegou ontem às 10h30 (5h30 no Brasil) ao Palácio da Justiça, usando algemas e cercado por um forte esquema de segurança. Bem vestido, com calça e camisa branca, malha rosa e sapatos marrons, cabelo curto e grisalho e com um bigode, Carlos aparentava tranquilidade. Conversou com os guardas que o escoltavam sobre suas armas enquanto aguardava o juiz Bruguière. Ao vê-lo, teve uma simpática e breve conversa (leia ao lado). As duas horas de depoimento foram descritas como "muito cordiais e sem nenhuma tensão ou agressividade" por um dos advogados de Carlos, Mourad Uossediak. "Não aparenta ser o terrorista mais procurado do mundo", afirmou ontem à Folha um jornalista que o viu chegar ao Palácio da Justiça. "Não tem cara de assassino, mas de um pai de família como outro qualquer". Na prisão de La Santé, o Chacal está detido em regime de isolamento. Fica sozinho em uma cela sem contato com os outros presos. "Fora isso, não recebe tratamento especial", explicou Cauhepe, do Ministério da Justiça. "Tem direito a um rádio, uma televisão e um passeio por dia". A segurança da prisão foi reforçada tanto no seu interior quanto no seu exterior. A prisão de La Santé se encontra na esquina da rue de la Santé e do Boulevard Arago, em Paris. Sua construção foi iniciada em 1864, tendo atualmente 24 mil metros quadrados. É um presídio de segurança máxima que abriga outros presos famosos, como o nazista Paul Touvier, ex-chefe de informação da milícia de Lyon, condenado pela morte de sete judeus em 1944, e Michel Garretta, envolvido no escândalo do sangue contaminado com o vírus da Aids em 1985. Altagracia Ramírez Navas, pai do Chacal, descreveu ontem seu filho como "o maior" e "doce". Já para a CIA (central de inteligência norte-americana), ele não passa de um "bêbado" e "arruaceiro" pago pelos serviços secretos dos países árabes. Com agências internacionais. Texto Anterior: Fabricante da Stolichnaya fale Próximo Texto: Prisioneiro brinca com juiz do caso Índice |
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