São Paulo, quarta-feira, 17 de agosto de 1994
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Advogado acusa Sudão de drogar terrorista

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS E DO "LIBÉRATION"

Os advogados do terrorista mais procurado do mundo acusaram ontem o governo sudanês de ter traído Illich Ramírez Sánchez, conhecido como Carlos, o Chacal.
"Carlos foi sequestrado por agentes sudaneses encarregados de protegê-lo, que o algemaram, drogaram e colocaram num avião francês onde estavam agentes da contra-espionagem de Paris".
Essa versão, dos advogados Mourad Oussedik e Jacques Verges, contrasta com a do ministro francês Charles Pasqua (Interior).
Para Oussedik, a extradição também envolveu pagamento em dinheiro da França para o Sudão.
Pasqua negou que a França tivesse feito um acordo para obter a extradição do Chacal.
Segundo Paris, o Chacal foi extraditado com base em mandados emitidos pela Justiça francesa.
O diário "Libération" noticiou que o serviço de informações francês auxilia o governo islâmico de Cartum na guerra civil conta os separatistas do sul do país.
"Isso é um monte de mentiras. É desinformação escandalosa", disse Pasqua. "Não houve acordos".
Mas diplomatas ocidentais disseram que a França tem mantido contatos regulares com o Sudão.
Segundo o "Libération", funcionários sudaneses visitaram as instalações dos serviços franceses de informação várias vezes, a última há dois meses.
A França também teria entregue ao governo de Cartum imagens de satélite para ajudar na luta contra os rebeldes do sul do país.
O general Abdel Aziz Jaled, exilado no Cairo, disse que "a única maneira de o Sudão entregar Carlos era por um preço alto".
O oposicionista disse temer que a França use seu direito de veto no Conselho de Segurança da ONU para proteger Cartum de acusações de violações de direitos humanos.
O governo muçulmano de Cartum aplica a lei islâmica num país com 30% de cristãos e animistas.
Segundo a oposição sudanesa, a guerra entre o governo e rebeldes do Exército Popular de Libertação dos Povos do Sudão matou pelo menos 1,3 milhão de pessoas.
Diplomatas sudaneses no Cairo negaram qualquer acordo para a entrega do Chacal. Segundo o Sudão, ele foi preso por estar planejando um golpe de Estado.
O Sudão acusou "um país árabe" de ter enviado o Chacal para Cartum para que os sudaneses fossem acusados de abrigar terroristas.
O Egito, vizinho do Sudão ao norte, tem acusado Cartum de abrigar e treinar radicais.

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