São Paulo, quinta-feira, 18 de agosto de 1994
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Irã viola direitos humanos, diz Anistia

CARLOS ALBERTO IDOETA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Em 1987 uma delegação da Anistia Internacional visitou a embaixada do Irã em Brasília para entregar um relatório das atrocidades cometidas pelo governo daquele país. O diplomata anfitrião questionou nossa ousadia em desafiar a sabedoria do "líder máximo".
Khomeini ainda decretaria a "fatwa", sentença de morte do escritor Salman Rushdie, prometeu o paraíso a quem matasse o escritor blasfemo. O aiatolá morreu em 1989 e Rushdie vive escondido.
Um turista dificilmente conhecerá a extensão da repressão.
O Código Penal Islâmico prevê morte por apedrejamento. Estipula que as pedras "não sejam tão grandes que matem na primeira ou na segunda pedrada, nem tão pequenas que não mereçam o nome de pedras". Dezenas de mulheres morreram apedrejadas por adultério ou prostituição.
O código prevê também a amputação e o açoitamento. Em 1993, em Gilan, sete acusados de roubo perderam os dedos da mão direita.
Pelo menos 93 pessoas foram executadas no ano passado. Os números já foram maiores e o recuo se deve à pressão internacional.
Persistem denúncias de tortura e maus tratos como forma de punição ou obtenção de informação. Os métodos mais frequentes são o espancamento e a dependura. Presos políticos se disseram mantidos em regime de incomunicação.
Desafetos do governo podem cumprir penas de prisão condenados em julgamentos que afrontam normas de justiça: é vedado aconselhamento legal, as audiências de alguns minutos são "in camera", os procedimentos sumários. O número de presos políticos e de consciência não é conhecido.
Abbas Abdi, editor-chefe do jornal Salam, é um dos perseguidos. A dissidência religiosa não é tolerada e membros do clero sunita e da fé Baha'i sofrem detenções. Mehdi Dibaj, preso desde 1984 por conversão ao cristianismo, foi condenado à morte.
O relatório da Anistia insiste na urgência da adoção de práticas de direitos humanos.

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