São Paulo, sexta-feira, 19 de agosto de 1994
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PPR já se prepara para abandonar Amin e aderir à candidatura FHC

EMANUEL NERI
GEORGE ALONSO

EMANUEL NERI ; GEORGE ALONSO
DA REPORTAGEM LOCAL

O PPR está se preparando para desembarcar da candidatura de Esperidião Amin e apoiar o candidato da coligação PSDB-PFL-PTB, Fernando Henrique Cardoso.
A tendência, hoje, na base do partido é a de optar pelo voto útil no tucano já no primeiro turno.
O candidato, no entanto, afirma que fica até o fim. Amin disse ontem, em Natal (RN), que não vai renunciar, como sugerem alguns aliados seus.
"Eu já retirei a minha candidatura de governador", disse ontem. Ele era pré-candidato do partido ao governo de Santa Catarina e desistiu de concorrer para disputar a Presidência.
Sua mulher, deputada Ângela Amin, é a candidata do PPR lidera com 39%, segundo pesquisa Datafolha de 8 de agosto.
A direção do PPR, oficialmente, ainda é fiel a Amin, mas deverá engrossar o corrente pró-FHC.
Se o PPR apoiar FHC, estará alargado o espectro ideológico da Aliança Democrática que apoiou Tancredo Neves-José Sarney no Colégio Eleitoral, em 1984.
Só o PMDB quercista estará de fora. Na época, o então PDS apoiou o candidatura de Paulo Maluf no Colégio Eleitoral.
A Frente Liberal, dissidência do PDS que deu orgiem ao PFL, ficou com Tancredo.
Principal estrela do PPR, o prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, almoçou ontem com o senador José Eduardo de Andrade Vieira (PTB-PR), integrante do comando da campanha de FHC.
Os dois negam, mas um dos temas da conversa foi o apoio a FHC. Na última terça-feira, a mesma questão foi tratada em uma conversa entre Maluf e o ex-presidente José Sarney.
Sarney esteve em São Paulo para assistir ao enterro do empresário Mathias Machline. Na saída do cemitério, pegou uma carona no carro do prefeito e ambos conversaram longamente.
Sarney também se prepara para apoiar FHC. No caso de Maluf, o apoio a FHC já havia sido prometido para o segundo turno.
Aliados de Maluf acreditam que essa adesão poderá ser antecipada. Um sinal: empresários ligados ao prefeito, como José Ermírio de Moraes e Abram Szajman, já estão apoiando o tucano.
Deputados malufistas caminham na mesma direção. Roberto Campos (PPR-RJ) defende a renúncia de Amin caso haja perspectiva de vitória de FHC no primeiro turno.
Amin disse reconheceu ontem, em São Paulo, que MaLuf não lhe está trasferindo votos e disse que "a culpa" ‰ dele (Amin) e do próprio Maluf, "que é líder do partido em São Paulo".
O candidato disse que a militância do PPR não assumiu a sua campanha.
Campos acredita que a vitória de FHC no primeiro turno teria as vantagens de apressar o programa de reformas e "economizar recursos e angústias no país."
Para ele, o segundo turno eleitoral significa "um mês de imobilismo". Campos vê como ponto comum dos programas do PPR e do PSDB a "vontade de realizar a reforma constitucional".
O deputado paulista Armando Pinheiro, da direção do PPR, diz que se mantém fiel a Amin. Mas afirma que há na base do PPR uma "tendência irreversível pelo voto útil" no candidato tucano.
Para Pinheiro, se Amin "entender" que deve conversar com o partido sobre sua renúncia, "estaremos à disposição para fazer essa nova avaliação".
Colaboraram Sucursal do Rio e Agência Folha em Natal

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