São Paulo, domingo, 21 de agosto de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mitsubishi quebra a rotina do trabalho

RICARDO GANDOUR
ENVIADO ESPECIAL AOS EUA

A ordem é não cair na rotina na Diamond-Star Motors (DSM), complexo industrial de 3.300 funcionários que fabrica os automóveis da marca Mitsubishi nos Estados Unidos.
Os operários se organizam em "work teams" –times de trabalho–, que atuam sempre juntos em um mesmo posto.
Um time tem de 15 a 20 operários. A cada duas horas, o time inteiro muda de posto e de função.
"Essa rotação de funções quebra a rotina e faz com que as equipes se envolvam com toda a produção", disse Christine Ziehmann, relações públicas da DSM.
Christine acompanhou a visita que a Folha fez à empresa no início deste mês, quando do lançamento mundial do Mitsubishi Eclipse 95, que começa a ser vendido no Brasil em novembro.
As passarelas reservadas aos visitantes ficam um pouco abaixo do teto da fábrica, e delas se tem uma visão privilegiada de tudo o que acontece na linha de montagem.
Caminhar por essas passarelas é observar –na prática, e como se fosse um filme– diversos conceitos martelados pelos livros de administração contemporâneos.
Localizados ao longo da linha de produção, os "círculos de qualidade" são locais onde os operários se reúnem para discutir problemas da operação.
Neles os "work teams" se encontram, conversam, fazem uma rápida apresentação ou simplesmente tomam água, café ou refrigerante.
"Superterça"
Uma vez por mês, e em uma terça-feira, a fábrica da DSM promove a "superterça". É o apelido dado ao dia em que, na fábrica, todos os supervisores se unem aos operários envolvidos com tarefas básicas.
O motivo: integrar os níveis hierárquicos e proporcionar aos supervisores uma visão sempre atualizada da operação e dos problemas que afligem os "associates".
O salário médio de um "associate" da DSM é de US$ 15 por hora. Há diversas posições de "associate" com ganhos superiores aos de funções de "staff".
"Os 'associates' são o único centro de lucro e sofrem a pressão da produção. Nós somos centros de custo", afirma Christine.
A produção média da DSM é de 63 carros por hora. A fábrica nasceu em 1988 da parceria entre a japonesa Mitsubishi e a norte-americana Chrysler. Em 91, a Chrysler vendeu sua parte para a DSM.
A "vida" na empresa é regida pelo contrato coletivo firmado entre a DSM e a UAW –United Automobile, Aerospace and Agricultural Implement Workers of America, sindicato dos trabalhadores da indústria automobilística dos EUA (leia texto à esquerda).

O jornalista Ricardo Gandour, editor de Suplementos, viajou a convite da Mitsubishi Brasil.

Texto Anterior: CANDIDATO NÃO DEVE REPETIR INFORMAÇÕES
Próximo Texto: Contrato coletivo 'engatinha'
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.