São Paulo, domingo, 21 de agosto de 1994
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Hagi espera viver 'fase gloriosa'

UBIRATAN BRASIL
DA REPORTAGEM LOCAL

O romeno Gheorghe Hagi, 29, prepara-se para um desafio. Depois de uma fase fracassada no Real Madrid, após a Copa da Itália (90), o meia volta à Espanha pelo Barcelona.
"Ninguém espera mais do que eu uma fase gloriosa", disse à Folha, por telefone, prometendo justificar os US$ 3 milhões investidos pelo Barça para contratá-lo ao Brescia.

Folha - Como você vê a demora de Romário em voltar?
Gheorghe Hagi - Isso é problema dos dirigentes, que vão decidir sobre sua punição ou não. Gostaria de vê-lo logo aqui. É um jogador que não precisa mais de qualificações, é brilhante. Mas tem que entender que nós estamos nos preparando com afinco. Se não voltar concentrado, é capaz de atrapalhar.
Folha - Você acredita que ele vá perder a vaga no time?
Hagi - Sinceramente não sei. O Barcelona tem quatro estrangeiros (conta ainda com o búlgaro Stoichkov e o holandês Koeman) e só pode utilizar três ao mesmo tempo. Talvez essa situação possa facilitar a escolha...
Folha - Como está sua expectativa de voltar à Espanha?
Hagi - Hombre, está demais. Já estou cansado de ouvir dizer que fui um fracasso no Real. Na verdade, não tinha chance de mostrar meu talento depois de uma mudança tão radical.
Folha - Como assim?
Hagi - Mudei de um país completamente fechado para outro 100% democrático. Tive que me adaptar a um monte de mudanças. O estilo de vida foi mais difícil. Foi a primeira vez em que pude trabalhar para mim próprio.
Folha - Você era funcionário do Exército?
Hagi - Como todos os jogadores. Não podíamos ter ambição nenhuma, atrair a atenção de clubes mais ricos. Por isso Belodedici (zagueiro) desafiou a ditadura e fugiu (em 89). Ele teve coragem. E, se não fosse a revolução, estaríamos na Romênia até hoje.
Folha - O que mais ajudou na sua adaptação?
Hagi - Acho que esse nosso estilo latino. Nós, os espanhóis, italianos, os sul-americanos, todos temos uma capacidade de superação nos piores momentos.
Folha - Você mostrou isso na vitória (3 a 1) contra a Colômbia, na Copa. Foi a melhor partida da sua carreira?
Hagi - Pelo menos dos últimos anos, foi. Tenho consciência de que fiz uma grande exibição.
Folha - Com os principais jogadores deixando o país, como sobreviverá o futebol romeno?
Hagi - Ora, não tem problema. Todos têm que experimentar novos estilos de vida. Essa bagagem sempre ajuda quando jogamos pela seleção. E, afinal, também não é assim no seu país?

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