São Paulo, domingo, 21 de agosto de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Lalas não teme responsabilidade

UBIRATAN BRASIL
DA REPORTAGEM LOCAL

O zagueiro norte-americano Alexi Lalas, 24, quer derrubar tabus. Primeiro jogador dos Estados Unidos a se transferir para a Itália (foi contratado por empréstimo pelo Padova por um ano), Lalas já surpreende por hábitos insólitos.
Apesar de jogar no país em que se cultua a alta moda, Lalas odeia ternos. Também não usa xampu. Sabonete, só quando tem poeira pelo corpo. "Água pura é a melhor coisa para lavar a pele", disse à Folha, por telefone.
Mesmo radical, Lalas já é adorado em Pádua, cidade que abriga o clube que subiu neste ano para a Série A do futebol italiano e que foi o que menos investiu na temporada (US$ 14,2 milhões em contratações, salários e preparação).
"Eu adoro as pessoas daqui, mesmo não entendendo nada do que dizem", disse Lalas, ainda sem falar italiano.
Guitarrista de rock, promete que a mudança de continente não vai atrapalhar sua carreira. "Quem sabe não gravo um novo disco em italiano?", brincou.(Ubiratan Brasil)

Folha - Como tem sido sua experiência na Itália?
Alexi Lalas - Estou aqui há apenas uma semana, mas tem sido muito legal. Os jogadores me receberam bem, as pessoas da cidade me reconhecem e me apóiam. Até fui elogiado por um jornal ("Gazzetta dello Sport") em meu primeiro treino na equipe.
Folha - Você teve algum problema com alimentação ou clima?
Lalas - Não, nenhum. Aqui também está quente, como nos Estados Unidos, e a comida italiana é muito conhecida em meu país. Lógico que sinto falta de algumas coisas americanas, como o "shurpee". Acho que vocês não conhecem aí no Brasil. É uma mistura de gelo picado com um pouco de suco de frutas. Quando o gelo derrete, é demais.
Folha - É muito pesada a responsabilidade de jogar em um dos melhores campeonatos de futebol do mundo?
Lalas - Bom, por enquanto não tem sido. Na verdade, eu não tenho me preocupado muito com isso. Vim para cá sem me preocupar com comparações com outros jogadores. Claro que a expectativa de atuar contra jogadores consagrados é grande. Aqui na Itália, tudo o que se faz repercute no mundo inteiro. Não se pode vacilar.
Folha - A seleção dos Estados Unidos deixou boa impressão na Copa do Mundo. Como vai ser agora?
Lalas - É, nós fomos realmente muito bem. Mas a festa acabou. O mais importante para nós foi conseguir experiência. Ninguém pode se julgar o máximo. Temos que continuar buscando mais experiência e isso se consegue jogando toda semana, suando nos treinos diários...
Folha - A Copa foi capaz de deixar esses hábitos nos jogadores que ficaram por lá, ou seja, o futebol já é uma realidade nos esportes americanos?
Lalas - Acho que ainda não dá para fazer uma análise tão profunda. Mas uma coisa é certa: muita gente já sabe o que é futebol e, quem sabe, no próximo verão, já vá acompanhar partidas de futebol.
Folha - E a música? Você abandonou seu grupo de rock?
Lalas - Não! Só dei uma parada. Mas já estou preparando uns shows aqui na região de Pádua. Vou aproveitar a época do inverno para fazer as apresentações. Nessa época também quero gravar um novo álbum.
Folha - A Copa do Mundo ajudou nas vendas de seu primeiro disco, "Woodland"?
Lalas - Sinceramente, não me preocupei com isso. Foi uma gravação independente, bancada por mim. Não acho que tenha um estilo para figurar nas paradas de sucesso. Foi algo que fiz para mim, para minha satisfação.

Texto Anterior: Kazu quer o título ou artilharia
Próximo Texto: QUEM É LALAS
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.