São Paulo, domingo, 21 de agosto de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Telê troca o mau humor por piadas com o time

UBIRATAN BRASIL
DA REPORTAGEM LOCAL

Se existisse publicado, o livro "Tudo o que você queria dizer a Telê Santana, mas tinha medo de fazer" atualmente seria o mais lido no São Paulo.
Sorridente e disposto a manter animadas conversas com o time, o técnico, que antes se dirigia aos jogadores quase sempre com broncas, mudou o comportamento.
O final dos treinos, que antes era marcado por uma correria aos vestiários, é reservado agora a uma roda de conversas.
"Ele realmente mudou", observou o atacante Muller, um dos que mais aproveita a nova fase do treinador. "O Telê nunca foi tão brincalhão como agora."
Muller é ouvinte fiel das histórias do técnico, que agora se dispõe a contar fatos do passado com jogadores famosos.
Provocador, o atacante gosta também de arrancar comentários irônicos sobre os outros jogadores.
"O que o senhor acha do Válber?", perguntou Muller, na semana passada. "É um bom jogador, só que ainda não tem a cabeça no lugar", disparou Telê, provocando uma gargalhada geral.
O próprio técnico de 63 anos reconhece a mudança de seu humor. "Já fui mais nervoso", disse. "Agora decidi ser outra pessoa."
A decisão aconteceu durante a Copa dos Estados Unidos.
"Fiz uma reavaliação do meu comportamento para ver se valia a pena ser tão rigoroso. Achei que não porque era muito estressante."
Telê construiu sua imagem no São Paulo com um tratamento sempre austero com os jogadores. "Alguns treinos eram uma verdadeira tortura. Claro que a intenção sempre foi ensinar, mas a forma como fazia isso às vezes dava medo em alguns", conta Muller.
Telê começou a observar que sua presença chegava a intimidar os jogadores mais novos. "Muitas vezes, quando eu me aproximava, percebia que eles se calavam."
Com a obrigação de o São Paulo disputar a Taça Libertadores junto com o Brasileiro, o técnico decidiu quebrar a barreira.
O contato aconteceu no final de semana passado, quando o treinador viajou com o time reserva para Belém, onde o São Paulo estreou no Brasileiro, contra o Paysandu.
"Antes do jogo, disse aos jogadores para não temer minha presença no banco."
O efeito foi positivo. "Foi uma sensação forte ter o Telê próximo", contou o líbero Thiago.
A rigidez, porém, não foi totalmente quebrada. Fiel ao futebol bem disputado, Telê ainda não perdoa erros.
Como a bronca que deu no piloto do avião que trouxe o time de Belém. "Ele fez uma manobra errada e eu fui na cabine, reclamar", contou, para delírio dos jogadores.

Texto Anterior: Fluminense usa Jandir hoje contra o Paraná
Próximo Texto: Cafu coleciona mais broncas do treinador
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.