São Paulo, domingo, 21 de agosto de 1994
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Paulistano 'teme' trocar de casa em agosto

CARMEN BARCELLOS
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Agosto, o mês das superstições, é um mês marcado para o mercado imobiliário em São Paulo. As vendas de apartamentos novos caem e o movimento nas empresas de mudanças é reduzido.
Nos últimos dois anos, segundo estudo do Datafolha, a procura por apartamentos novos em agosto foi menor do que nos meses imediatamente anterior e posterior –julho e setembro (veja ao lado).
Nas empresas de mudanças o movimento também é reduzido. "Nos 48 anos em que atuo no mercado, sempre temos uma redução de pedidos de 30% a 40% em agosto ", diz Aurélio de Souza, 68, dono das transportadoras Capital, Cândida e D.A.S.
"É o mês mais fraco do ano, o único em que temos caminhões ociosos. O movimento cai cerca de 40%", afirma Nadir Mendes, 44, gerente da transportadora Lord.
Por conta dessa queda, mudar-se em agosto pode ser vantajoso para quem não tem preconceitos. A Lord, por exemplo, dá descontos de 20% a 25% em seus preços e a mudança pode ser feita com maior rapidez, pois há sobra de caminhões no pátio da empresa.
Para as construtoras e incorporadoras, os preconceitos contra agosto não chegam a afetar o mercado.
"Não deixamos de fazer lançamentos em agosto por causa das superstições. É uma parcela mínima da população que se preocupa com isso", afirma José Paim de Andrade, diretor da Rossi Residencial.
"Sempre temos lançamos vários empreendimentos em agosto (este ano são nove), por ser início do segundo semestre, que é melhor em vendas do que o primeiro", diz Fábio Soltau, 34, gerente de marketing da Lopes Consultoria de Imóveis.
Segundo Judimar Sales, 38, gerente de marketing da Fernandez Mera, as superstições com relação a números são mais frequentes. "Há clientes que só compram um apartamento com números ou combinações destes que lhes sejam favoráveis. Se faltar um algarismo, não fecham negócio", afirma.
São pessoas como a ex-garota de Ipanema Helô Pinheiro, 47, fã dos números 26, 7 e 11.
"Por mais que ache maravilhoso, não moraria num local que tivesse o número 13 de jeito nenhum", afirma. O atual apartamento onde ela mora em São Paulo tem o número 111.
Ela também não se muda antes de chamar um padre para benzer a nova casa. "Assim tenho mais segurança de que não vai acontecer nada", acredita.

LEIA MAIS
sobre superstições na pág. 10-9

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