São Paulo, domingo, 21 de agosto de 1994
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Cientista Linus Pauling morre aos 93

RICARDO BONALUME NETO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Morreu na madrugada de ontem, aos 93 anos, o cientista Linus Carl Pauling, o único homem a ganhar duas vezes sozinho o Prêmio Nobel –de Química, em 1954, e da Paz, em 1962.
Pauling, que sofria de câncer de próstata, morreu em sua casa, em Big Sur, na Califórnia.
O pesquisador, nascido em 28 de fevereiro de 1901, nos EUA, teve um papel importante na adaptação à química das modernas teorias físicas desenvolvidas na primeira metade do século, notadamente a física quântica.
Mais recentemente, sua defesa apaixonada das virtudes terapêuticas e de prevenção da vitamina C lhe trouxe ainda mais notoriedade, apesar de ter ofuscado seu brilho entre seus colegas pesquisadores.
Física e química têm em comum o estudo da matéria e de seus constituintes. Para a química, é essencial conhecer como são feitas as ligações entre átomos e moléculas (conjuntos de átomos).
A física quântica trouxe nova compreensão da estrutura atômica. Pauling ajudou a traduzir seus conceitos para o mundo dos químicos. Em seu livro "A Natureza da Ligação Química", de 1939, Pauling enunciou as regras que definem a ligação química entre átomos.
Sua faceta de militante pacifista rendeu a ele o Nobel da Paz mas também perseguições dos EUA.
Já na Segunda Guerra Mundial, teve problemas, pois no auge da luta contra o Japão, chegou a empregar um jardineiro japonês.
Foi chamado de traidor então, e no pós-Guerra, desta vez devido a sua oposição à bomba atômica.
A campanha precoce de Pauling contra a bomba coincidiu com o auge do macartismo nos EUA.
Foi acusado de atividades antiamericanas e por pouco que não consegue passaporte para ir receber o prêmio Nobel na Suécia. Teria sido uma vergonha espetacular para o governo dos EUA.
Em 1958, publica seu manifesto pacifista, }No More War! (}Chega de Guerra!), em meio a uma campanha contra os testes de armas nucleares feitos a céu aberto.
Outro ponto no qual ele e o governo dos EUA não concordavam muito era a corrida espacial.
Pauling achava um desperdício que as superpotências gastassem fortunas apenas para aumentar o prestígio, como foi a corrida para levar o homem à Lua.
Os então soviéticos deram-lhe o Prêmio Lênin em 1970 por seus esforços pacifistas, o que apenas piorou a opinião que a direita belicista norte-americana tinha dele.
Com agências internacionais.

LEIA MAIS sobre Linus Pauling à pág. 3-3.

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